O terremoto registrado na região das cidades de Mutuípe, que fica no Vale do Jiquiriçá, e Amargosa, no recôncavo baiano, no dia 30 de agosto, que teve magnitude 4,6, foi considerado como o maior evento sismográfico registrado na Bahia, segundo o Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM). De acordo com a instituição, se chegou a essa conclusão após a análise de dados históricos e do ambiente geográfico.
O Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM) divulgou que a magnitude do evento foi de 4,2. Já os cálculos do Laboratório de Sismologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) apontam que foi um pouco maior, atingindo 4,6. Não houve feridos.
Após o primeiro registro, vários outros começaram a ser notificados por dias consecutivos. A última atualização do G1 ocorreu no dia 2 de setembro, quando um tremor, com 1,8 de magnitude, foi sentido entre Amargosa e São Miguel das Matas. [Confira lista dos eventos no final da matéria]
Nesse intervalo, alguns imóveis tiveram a estrutura danificada. Além disso, algumas famílias precisaram sair de casa, o que levou as prefeitura de Amargosa e de São Miguel das Matas decretarem situação de emergência.
Com o objetivo de monitorar novos casos de abalos no estado e reunir dados sobre eles, uma equipe do Laboratório de Sismologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) instalou sismógrafos em sete cidades do estado.
Para muitas pessoas que vivem nas regiões onde os abalos foram sentidos, o fenômeno foi considerado como novo. Os moradores da zona rural de Amargosa, por exemplo, disseram ao G1 que terremotos não faziam parte da literatura histórica da cidade.
Apesar disso, os dados do Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM), divulgados nesta semana para imprensa, e realizado em conjunto com o Instituto de Geociências (Igeo /UFBA), Universidade Estadual de Feira De Santana (UEFS) e Sociedade Brasileira de Geologia (SBG), detalham que os eventos dessa natureza são comuns no estado.
De acordo com o documento, o recôncavo da Bahia, onde está Amargosa, é uma das regiões sismogênicas (propensa a ter terremoto) mais ativas do Brasil.
Em Amargosa, por exemplo, o registro mais antigo de tremores é 1899, com uma magnitude estimada em 3,5.
Desde então, a cidade já registrou outros 33 casos de terremotos, com magnitudes variadas. Mas nenhum tremor, como pontua a entidade, foi igual ao contabilizado em agosto.
Na Bahia, existem dados de, pelo menos, 373 registros de terremotos, sendo o mais antigo deles, e do Brasil, registrado em Salvador, em 1724.
Do total de registros na Bahia, apenas 8 superaram os 4 graus de magnitute, contudo, nunca ultrapassou os 5 graus. Conforme o Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM), a resposta mais plausível para explicar o que provocou os fenômenos recentes está nas estruturas geológicas presentes na região.
Segundo a entidade, as rochas que formam a bacia do Recôncavo e do Camamu apresentam falhas que estão relacionadas à quebra do Supercontinente Pangea, que originou os continentes Sul-americano e africano.
As falhas geradas nessa separação, portanto, formaram o ambiente tectônico que propicia os fenômenos sísmicos registrados na Bahia.
O recente crescimento dos casos, por sua vez, "está relacionado a fatores naturais, associados com a dinâmica interna do planeta Terra, mesmo que a região esteja em uma situação de interior de placa tectônica, devido aos tremores recorrentes, com registros de terremotos desde o início do século XVII. No entanto, pode ser explicado pelo aumento de investimento na Rede Sismográfica Brasileira permitindo uma melhor qualidade dos dados, assim como o aumento populacional nas cidades e zona rural podem ter contribuído para aumentar a percepção desses fenômenos", pontuou o documento.
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