*Por Bruna Allemann
Ligo o rádio e me deparo com uma preocupação. Será que Trump vai ganhar as eleições americanas? Para alguns, parece notícia de primeira mão, para mim me parece algo sazonal. Em 2016, era a ênfase de questionamentos dos investidores e o que aconteceria se Trump ganhasse as eleições (que na época era muito provável que a Hillary levaria a presidência). Mas você já parou para pensar o que realmente impactou o dólar e a economia brasileira naquele ano? Será que as eleições americanas tem um peso tão grande na economia brasileira?
Para quem não se lembra, 2016 foi um ano um pouco conturbado para nós brasileiros. Queda de tributação, aumento das projeções de déficits, ou seja, um ano de recessão e aumento da desconfiança dos investidores (nacionais e internacionais). Revendo algumas reportagens, podemos listar alguns pontos: tivemos um déficit primário de R$ 170 milhões, uma contração do PIB estimada em 3,43%, um início tenso para o dólar chegando a alta de R$ 4,16 devido as tensões políticas e a queda nos preços internacionais do petróleo. Sob efeitos da recessão econômica, tivemos uma queda na arrecadação de impostos e gerando crise nos estados (o Rio de Janeiro e Minas Gerais, por exemplo e para quem não se lembra, chegaram a decretar calamidade financeira), a briga do governo federal, estados e municípios das multas e impostos gerados pela repatriação de recursos entre outros pontos (não menos importantes).
Será que apenas as eleições americanas afetaram o dólar naquele ano de 2016? Eu acho que não. Mas isso pode ser uma opinião pessoal. O que eu quero dizer com isso? Em janeiro deste ano voltamos neste tópico, mas o medo, além das eleições era a Guerra Comercial entre a China e os Estados Unidos, além da pré-campanha de Trump e o medo do que seria a próxima recessão global. Qual seria a bolha que estaria prestes a estourar?
E naquela época ainda tínhamos o disclaimer: Eleição nos EUA, tensão no Oriente Médio e a votação da reforma tributária, dos principais fatores que iriam guiar o mercado financeiro neste ano. E aí? Veio a pandemia!
Acho que as eleições americanas tem um impacto sim, mas economicamente não é ela de fato e sim suas mudanças políticas econômicas e também suas crises. Historicamente, podemos dizer que os Estados Unidos conseguem se recuperar de uma crise (por pior que seja) em, no máximo, seis meses. Os países emergentes já mostraram que precisam de um tempo cinco vezes maior para que ainda não recaia estilhaços em relação ao que passou. Assim foi em 2008 e 2009 e ainda pode ser, mas não sabemos, o que ainda está por vir. Não temos a resposta certa, a única coisa que podemos dizer é que devemos nos preocupar um pouco com a nossa política econômica, ficar de olho no que nos afeta internamente e tentar minimizar os efeitos internos que tem sob a ótica da política e economia mundial.
O Brasil não tem poder político e nem econômico mundial, portanto tudo que acontece nos países desenvolvidos (Estados Unidos e demais das Europa por exemplo) tem o dobro do impacto no Brasil (sempre no negativo). Pois sem ser negativista, mas quando o efeito é positivo, até nisso temos um efeito retardatário.
O que mudou o Trump ser eleito em 2016? Nada diretamente no Brasil, pelo contrário, uma das únicas coisas que afetaram a economia e o câmbio no Brasil, foi ele mesmo.
Independentemente do presidente, teremos mudanças sim, talvez uma reforma imigratória, incentivos ao turismo, uma ajuda governamental, enfim. Afinal uma das maiores economias mundiais e a moeda mais forte negociada mundialmente em preços de commodities, matéria prima, derivados, etc , sempre respinga em todo o mundo. Sofre menos aquele país que mantém sua economia forte e sua moeda mais estável possível diante o dólar.
Se Trump ou Biden eu não sei, mas podemos pedir um pouco mais de atenção no Brasil para evoluirmos economicamente. Atentar as decisões nacionais e lutar pelo bem do nosso país, para que a cada eleição os brasileiros fiquem menos apreensivos, menos investidores internacionais saiam do nosso país, que não sejamos vistos como uma política fraca (nada pessoal, isso vem desde que somos República) e cada vez mais ganharmos uma estabilidade econômica, com incentivos e menor volatilidade da nossa moeda. Por que sim, qualquer crise já podemos ver que o Real é a moeda que mais se desvaloriza mundialmente perante o dólar.
Uma dessas políticas é protecionista (valorizando e tornando o dólar cada vez mais forte diante as demais moedas) e a outra focada para o social, podendo trazer o interesse por investimentos na bolsa americana e atraindo para os países emergentes. Mas isso são teorias, até de certo ponto realistas, mas não deixam de ser teorias. Afinal, nenhum presidente, principalmente o americano, consegue mudar o rumo sem um bom apoio no senado.
Sobre Bruna Allemann
Atuou dez anos no mercado de crédito e investimentos para clientes de alta renda, auxiliando os médios e grandes empresários principalmente dos setores de agronegócio e comércio exterior. Atualmente auxilia brasileiros a internacionalizar e dolarização de patrimônio, imigração através de investimentos e gestão de recursos offshore como Diretora de Investimentos e Capital Markets de uma grande empresa americana. Para saber mais, acesse o perfil @bruallemann ou conecte-se no LinkedIn.
© Copyright RedeGN. 2009 - 2024. Todos os direitos reservados.
É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do autor.