Um bom forró, regado de poesias e canções que confortam o coração, sempre anima o corpo e a mente para o bailado da vida. E a festa fica ainda mais bonita quando tem como objetivo, a solidariedade.
É nesse ritmo que a Articulação Semiárido Baiano (Asa Bahia) realiza a 2ª Live Show da Campanha Bahia Solidária - Do Sertão ao Litoral. O objetivo é animar a sociedade a praticar atos de cuidado com o próximo e de prevenção contra a Covid-19.
O evento acontece ao vivo, no dia 11 de setembro (sexta-feira), a partir das 19h30, com transmissão pelo canal da Asa Bahia no Youtube. A animação fica por conta da Banda Xerim de Xiqueiro, composta por integrantes da Asa Bahia, e com as participações especiais do cantor Roberto Malvezzi - conhecido como Gogó e Maviael Melo; do poeta Agnaldo Rocha e de Aldenisse Souza; e dos jovens cordelistas Roseli Cordeiro e Ancelmo Bispo, representantes das comunidades de fundo de pasto do norte do estado.
A campanha teve início no mês de julho e já arrecadou 10 toneladas de alimentos e o total de 35 mil reais, a partir das doações em dinheiro, que juntos já permitiram a distribuição de 698 cestas básicas para as famílias baianas necessitadas e 120 kits de higiene e limpeza.
Para Climério Vale, secretário executivo do Centro de Convivência e Desenvolvimento Agroecológico do Sudoeste da Bahia (Cedasb), "fazer a live show possibilita arrecadar fundos para matar a fome de quem tem fome e exercer uma participação social ainda mais importante e essencial no contexto da pandemia".
Climério aproveita para reforçar o convite para que a sociedade doe: "será um espaço de convergência da nossa solidariedade, com a nossa cultura, com a nossa festa, com aquilo que a gente acredita que o nosso povo tem de melhor". Ele lembra, porém, que o momento serve também para cobrar a presença e ação do Estado nessa questão. "O poder público precisa assumir seu papel e chegar até as pessoas que necessitam", argumenta.
CAMPANHA: De abrangência estadual, a campanha acontecerá até dezembro deste ano e conta com a articulação de 13 entidades não governamentais que são responsáveis por animar o processo e mobilizar a sociedade em suas regiões, convidando empresas, organizações, instituições e as pessoas individualmente a exercerem um papel solidário com aqueles/as que precisam. A campanha tem três objetivos centrais: arrecadar fundos e alimentos para montar e distribuir cestas básicas; conscientizar às famílias sobre a pandemia e como se prevenir e levar mensagens de como viver bem no Semiárido.
As ações são direcionadas para 12 mil famílias baianas que passam por dificuldades nesse momento de pandemia. As famílias estão localizadas em 12 territórios baianos, de norte a sul do estado. Nessa iniciativa da Asa Bahia, estão inclusas famílias não assistidas pelo auxílio emergencial, famílias numerosas, idosos, pessoas com deficiência, desempregados/as, agricultores/as familiares, pescadores/as e diversos/as trabalhadores/as em situação de vulnerabilidade social.
"Mas a campanha não quer apenas levar alimentos para as famílias. Ela quer levar a mensagem do cuidar da higiene, da importância de lavar as mãos, de usar a máscara, de evitar aglomerações, e de respeitar e confiar na ciência para que a gente contenha a contaminação", explica Naidison Baptista, da coordenação estadual da Asa Bahia.
Naidison destaca ainda que a parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), instituição que vem realizando esforços para contribuir com a prevenção da contaminação e controle da Covid-19, contribui para a reflexão de quais e como os caminhos podem ser trilhados para combater a pandemia. "E entre esses caminhos estamos destacando o caminho do viver bem, do aproveitar a vida mesmo nos limites apresentados agora, o caminho de conviver bem dentro de casa, o de partilhar as tarefas domésticas, o caminho da não violência doméstica, o caminho do diálogo e da demonstração de afeto mesmos distantes", argumenta.
A fome faz parte da rotina de milhares de pessoas no mundo todo. Segundo o Relatório da Organização das Nações Unidas, "Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo 2020" (State of Food Security and Nutrition – SOFI), somente em 2019, 8,9% da população mundial foi afetada pela fome - o equivalente a 690 milhões de pessoas. Nesse relatório, a ONU faz uma projeção preliminar que a crise da pandemia da Covid-19 pode agravar a insegurança alimentar, adicionando "entre 83 e 132 milhões de pessoas ao número total de desnutridos no mundo em 2020".
A Asa Bahia, com o Comitê Popular Solidário e apoio da Fiocruz, tem atuado nessa frente no intuito de agir emergencialmente diante do agravamento da situação das famílias nessa crise econômica e de saúde, buscando apoio de diversos segmentos para garantir o alimento na mesa de quem mais precisa nesse momento.
Naidison Baptista explica que a articulação sempre atuou de forma estruturante para a Convivência com o Semiárido. E nesse período é chamada a intervir de forma emergencial.
"No Brasil nós já tínhamos um agravamento da fome, do processo do desrespeito aos direitos. A pandemia multiplica essa perspectiva. Nós somos chamados a dar o melhor de nós no sentido de evitar uma catástrofe maior. Hoje, nos deparamos com a situação que tem gente sem comida na mesa. Nós não podemos deixar de estar na briga para prestar um serviço à vida e para fazer com que as pessoas que estão com a insegurança alimentar e nutricional possam se alimentar. Esse é o objetivo de nossa ação", esclarece Naidison.
Para contribuir com a Campanha "Bahia Solidária: do Sertão ao Litoral", é possível realizar transferência bancária ou doar itens alimentícios.
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