Ando vomitando palavras, muitas palavras, milhões delas. Algumas saem suaves como xarope de hortelã aliviando minha garganta, massageando os ouvidos e a alma de quem as ouve.
São palavras leves, suaves, aveludadas feitas para acalmar, para acariciar os tímpanos de quem as escutas e acalmar os corações amargurados pela vida. São palavras que eu as chamo de palavras mães, pois só as mães conseguem serem suaves em momentos de angústia e aflições.
Outras saem duras, ásperas como lixa grossa, arranhando, sangrando minha garganta e os tímpanos de quem as ouve. São palavras ditas e feitas para ferir, machucar, humilhar, denegrir, para triturar a alma de quem as ouve e deixá-la no seu estado mais humilhante e deplorável possível.
São palavras punhais que têm a intenção de perfurar a alma e deixá-la sangrar, agonizando até o seu último suspiro. São palavras cães, tiranas, palavras que veem diretas ou maliciosamente disfarçadas em brincadeiras e simulações.
Tem ainda senhores, àquelas que não foram vomitadas e ficaram estragadas, apodrecendo no meu subconsciente, me torturando, me devorando, me consumindo. São palavras, temerosas, tímidas, medrosas, detidas, presas que muitas vezes vieram à garganta para serem vomitadas, mas não conseguiram, se acovardaram e voltaram. Foram engolidas novamente e têm causado um estrago irreparável ao meu estômago e a minha alma.
Edi Santana Barbosa
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