Bairro Quidé. Bairro Jardim Florida. Ipiranga. José e Mária, Santo Antônio, João de Deus. Juazeiro e Petrolina não passaram no teste de 'fogo' no enfrentamento ao novo coronavírus.
A flexibilização do funcionamento de setores considerados mais sensíveis para o risco de contágio pela COVID-19, pelas fotos nas redes sociais e discussões que se tornaram públicas encontrou uma população farta do distanciamento social e ansiosa por retomar atividades que eram rotina da pandemia.
Dessa forma alguns bares não passaram no teste da flexibilização e ficaram superlotados e sem seguir as regras cabiveis para o funcionamento.
O movimento foi considerado intenso no final de semana de pessoas na orla e em praças. Psicólogo ouvido sobre as aglomerações aponta que "isto é sinal claro de ma inquietação que explode em redes sociais, onde a expressão “fadiga da quarentena” ou alguma de suas incontáveis variações se torna cada vez mais frequente". Tanto da parte de quem assume já não conseguir ficar quieto em casa, quanto dos que, obedecendo aos alertas de que o risco permanece, mantêm-se recolhidos e se sentem desrespeitados pelos “loucos para aglomerar”.
No final da manhã desra segunda-feira (31), o prefeito de JuazeiroPaulo Bomfim destacou que embora os números sejam favoráveis a população precisa entender que a pandemia ainda não acabou e todo mundo precisa manter os cuidados necessários para que não venha uma segunda onda: "Quero fazer uma apelo a esses juazeirenses que ainda não entenderam que esse vírus mata e que precisamos da ajuda de todos pra que a proteção continue. Neste momento precisamos estarmos todos no mesmo lado contra o coronavírus”.
A redeGN manteve contato com algumas pessoas que desde o mês de março pertencem ao segundo grupo. Eduardo da Silva e família mantém com a esposa uma rotina rigorosa para evitar a infecção pela COVID-19. "Enquanto não tiver vacina sinceramente não saio de casa e não irei frequentar bares e restaurantes. É muito egoísmo, falta de consciência e irresponsabilidade. As pessoas não ajudam a melhorar".
De fato, é praticamente impossível não conhecer alguém que não tenha desrespeitado medidas de segurança ou questionado a existência ou o alcance da doença. A reportagem da redeGN conversou com um funcionário público, desde março ele não usa máscara e frequenta bares. "É isto. Não uso máscara e a única explicação é que a vida segue".
No mundo virtual, se multiplicam relatos de pessoas que podiam ficar em casa, mas desistiram da quarentena ou acabaram “furando” a reclusão por algum motivo. E também há quem se revolte ao ver a desobediência.
“As explicações correntes têm sido de que a gente não aguenta permanecer em um estado de vigilância, de atenção constante porque é estressante. Daí começamos a relaxar”, explica o professor do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Paulo Evangelista. Ele estuda e leciona psicologia existencial e também é um dos coordenadores do serviço de plantão psicológico que atende à comunidade acadêmica.
“Evidentemente que esse relaxamento nos coloca em risco, a nós e às pessoas à nossa volta. E por isso devemos considerar o quanto as coisas à nossa volta vão contribuindo para formarmos esse senso de realidade que vai promovendo esse relaxamento”, alerta o especialista.
“Olhamos ao nosso redor e parece mesmo que tem mais gente na rua, as coisas estão voltando ao normal. Vemos informações de que não é tão grave, que já pode voltar, informações desencontradas que vão contribuindo para que a gente relaxe. O termo fadiga fala de um cansaço de manter-se em vigília, mas ele pode sinalizar esse comportamento de relaxamento e entrega a uma certa sensação de normalidade, que desconsidera a ameaça que o coronavírus é”, pontua.
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