Vivemos em um País onde as coisas funcionam dentro da premissa de que a Nação brasileira enquadra-se na categoria de um Estado Democrático de Direito, onde está vigente o sistema de garantia dos direitos humanos. Diante desse pressuposto, todo e qualquer cidadão ou autoridades constituídas, deverão respeitar, observados os limites da lei, os princípios inerentes ao bom exercício da liberdade e da ordem, sem a prática de atitudes radicais preconceituosas de raça, religião ou ideologias.
Mediante esse entendimento, por aqui sempre se afirmou que os EUA se constituíam no modelo de democracia no mundo e um exemplo a ser seguido. Ainda que no campo político se notabilizem por esse parâmetro, vêm pecando grosseiramente na ascendência do vil ódio dos brancos contra a raça negra, os quais têm, também, naturalidade americana e representam em torno de 28% da população.
As últimas mortes praticadas por policiais brancos contra negros aviltam o sentimento de humanidade, pelo quanto deprimem e envergonham a todos os povos!
É triste ver que aqui os critérios utilizados pelo IBGE, nos Censos do passado, exibiam uma grande ambiguidade na classificação da cor dos pesquisados, uma vez que, como cor parda, eram consideradas todas as pessoas “que se declaravam como mulatas, caboclas, cafuzas, mamelucas ou mestiças de negro”. Isso resultava que no Brasil os registros oficiais indicavam a existência de apenas 7,6% de negros, quando a ascendência na composição genética do brasileiro é muito maior, ou superior ao total de brancos. Os Movimentos Negros no Brasil estão lutando pelos seus justos direitos, e conquistando vitórias crescentes no combate ao preconceito racial, social e cultural, visivelmente ainda existente.
Feitas essas preliminares, ressalto que o nosso tema central tenta evocar algumas preocupações evidenciadas nos últimos tempos de nossa história política, quanto à tentativa de se endeusar figuras políticas tão cheias de imperfeições como as que temos. Postura irrepreensível, eficiência e boa gestão na Presidência da República, além de implementação de boas e objetivas Políticas Sociais, são obrigações impositivas no desempenho do cargo, que não podem, de uma hora para outra, transformar ninguém em MITO! Salvo pela verdade concreta contida na definição literal da palavra MITO: “Crença construída sobre algo ou alguém, ou a ocorrência ou ação extraordinária, fora do comum, normalmente excessiva e deturpada pela imaginação ou pela imprensa”.
Na trajetória do período republicano a partir da Proclamação em 1889 até 1964, quando ocorreu o Golpe Militar, não se tem conhecimento de qualquer Presidente que nesses 75 anos tenha se arvorado a assumir o papel de Mito. Mesmo Juscelino Kubitscheck, com o seu arrojado programa de “50 Anos em 5: O Plano de Metas” (1956-1961), ideal desenvolvimentista que culminou com a construção de Brasília como a Capital Federal no centro do país, em nenhum momento extrapolou sonhos ou patrocinou a sua exaltação como MITO. Nem o povo assim o fez, apesar da admiração que por ele nutriu. Verdade seja dita, um homem de gestos nobres como poucos vistos até aqui.
O que se testemunha no Brasil das décadas recentes, tanto pela Esquerda como pela Direita, é um estado quase psicótico, uma “crença construída... fora do comum”, em que um Presidente com discurso habilmente amadurecido entre as massas, além de amparado por um projeto popular como o Bolsa Família, obviamente haveria de se consagrar nacional e internacionalmente. O Presidente atual, que obteve um expressivo sucesso eleitoral mesmo sem nenhum mérito precedente na carreira política – apenas Deputado sem muita relevância -, foi reconhecidamente beneficiado pelo clima de revolta e anseio de mudança de milhões de eleitores em todo o país. Como está, com apenas 1,5 ano de governo, não tem feito mais que o óbvio ululante, além de distribuir bordões agressivos a quem quer que lhe contrarie, principalmente, uma parte da imprensa.
Pelo conhecido histórico de ambas as figuras da ilustração, parece-me algo delirante classificá-los como MITOS. O Brasil está a reclamar Presidentes que conduzam a Nação com competência e equilíbrio, e não deuses mitológicos produzidos nas redes sociais. Mais atitudes concretas menos oba, oba...!
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – de Salvador - BA.
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