O poeta é um cidadão comum, feito de pensamentos, carne, ossos, pelos e pele. Expele, exala, inala, inspira, transpira, transcende ou se apaga como qualquer vivente. Tem o direito de assumir, sumir, aparecer, querer ser e estar onde, quando e como bem entender.
Pode está também no seu direito de ser um simples cidadão, sem está em cima do muro para proteger o seu status de fama, ou se anular para não contrariar os ideais de seus admiradores. Também pode está no seu direito de ser ou não ser; eis a questão. Afinal, estamos numa democracia, não é mesmo? Mas é sempre bom salientar que esse muro é alto e, se escorregar, não vai ter o chão.
Portanto, poetas, cantadores, encantadores, atores, escritores, trabalhadores da arte ou da vida: eis que chega a hora de fazer jus ao que rege os direitos e deveres de suas profissões.
Sou um cantador e lembro Cecilia Meireles: “Eu canto porque o instante existe”. Então vos digo: nesse instante, quero cantar do lado onde habita o bom senso, a paz, a serenidade, a elegância e a sutileza da palavra que acaricia os meus ouvidos.
E como um simples poeta, cidadão comum, eu vou sempre escolher um lado, e esse lado é a amplitude, na mais alta dimensão do ser.
Que sejamos breve, enquanto vivo estamos. Que sejamos nós, em vez de apenas um; que sejamos leve, em vez de sermos chumbo; que sejamos vida, ou o revés da morte, que sejamos turma em vez de solidão.
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