Juazeiro (BA), cidade que concentra 73% de população negra, a maioria mulheres, recebeu durante todo o mês de julho uma intensa programação organizada por Luana Rodrigues, pré-candidata a vereadora pelo Partido dos Trabalhadores, no mandato coletivo Pretas (os), LGBT+, Periféricos, que discutiu e celebrou a vida das mulheres negras.
O "Julho das Pretas" contou com quatro lives, três entrevistas com mulheres negras juazeirenses e, ainda, a série "Negras na história e na luta", com informações históricas sobre grandes nomes da luta negra feminina: Lélia Gonzalez, Tereza de Benguela, Esperança Garcia e Antônia Alvina dos Santos, Dona Vinô, liderança fundamental da luta negra de Juazeiro, guerreira da comunidade Quilombola do Alagadiço.
Todo o conteúdo está disponível no canal do Youtube e do Instagram (@lua.negrapr) de Luana Rodrigues. No dia 25, data principal do Julho das Pretas, o Coletivo realizou uma grande plenária virtual, com a participação de cerca de 60 mulheres da cidade e do país. "Esse foi um momento de muita emoção e de troca de experiências entre nós negras, quando falamos de política, representatividade e poder ancestral de nossos corpos e consciências", declarou Luana.
Para a pré-candidata "o poder precisa estar diverso, precisa refletir a pluralidade da sua sociedade". Diante disso, vale reforçar que quanto mais mulheres negras presentes em espaços de construção, organização e decisão, mais plural e inclusivo será o processo de elaboração e execução dessas políticas públicas.
"É preciso pensar o processo de desenvolvimento da cidade e do campo, a partir também do olhar das mulheres negras. Nós precisamos debater tudo isso, debater sobre o processo de saneamento, infraestrutura e todas as questões relativas a cidade e as comunidades"
A luta pelo bem viver: Desde 1992, o dia 25 de julho é comemorado como o Dia Internacional da Mulher Afro-Latina, Americana e Caribenha. Essa data marcou o último dia do 1o Encontro Internacional de Mulheres Afro-Latinas Americanas e Afro-Caribenhas, realizado em Santo Domingos, na República Dominicana. A data simboliza a luta das mulheres negras por uma sociedade justa e livre de todas as formas de preconceito, discriminação e violência.
No Brasil, o Julho das Pretas foi Criado em 2013, pelo Odara – Instituto da Mulher Negra- e é "uma agenda conjunta e propositiva com organizações e movimento de mulheres negras da Bahia e mais alguns estados do país, voltada para o fortalecimento das organizações de mulheres negras", como está expresso no site da entidade. O dia 25 de julho também homenageia Tereza de Benguela, líder do Quilombo de Quariterê – MT; por meio da Lei 12.987/2014 durante o governo Dilma (PT), a data tornou-se o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra.
Ainda segundo Luana "a luta pelo bem viver é permanente para o povo preto, principalmente para as mulheres negras, que seguem no centro das diversas formas de violência, inclusive sendo 66% de todas as mulheres assassinadas no Brasil". Os dados são do Atlas da Violência de 2019, realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
A pré-candidata entende que essa violência estrutural se acentuou muito nos últimos anos. Pensar que historicamente as mulheres negras foram subalternizadas, restando esse papel de cuidado do outro, enquanto seu direito ao autocuidado segue sendo negligenciado. "No contexto da pandemia do coronavirus, mais uma vez coube as mulheres, em especial, as mulheres negras, esse papel de cuidar de todos e todas. Nesse sentido, pautar o Bem viver é trazer para o centro do debate, uma prática de organização social que construa relações em que as mulheres negras não sejam sobrecarregadas com a tarefa de carregar sozinhas as dores do mundo", finalizou Luana Rodrigues.
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