Rio São Francisco: "Questionamos que quantidade e que qualidade de água o estado de Minas Gerais entrega a Bahia, a Bahia entrega a Pernambuco", diz Almacks

25 de Jul / 2020 às 22h00 | Variadas

O tecnólogo em Gestão Ambiental com especialização em Gestão de Bacias Hidrográficas e Saneamento Básico, Almacks Luiz Silva foi presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Salitre por seis anos e hoje é secretário da Câmara Consultiva Regional do Submédio São Francisco.

Membro titular do CBHSF, também integra o Grupo de Acompanhamento do Contrato de Gestão e é membro titular da Câmara Técnica de Segurança de Barragens do Conselho Nacional de Recursos Hídricos.

Há seis anos participando ativamente de temas importantes sobre o uso da água. Quais os debates mais importantes já pontuados ao longo desse período?

Sou tão ligado aos problemas do rio que não consigo fazer distinção do que é mais importante ou menos importante nas discussões em defesa da bacia sanfranciscana. Para mim tanto faz estar na menor cidade da Bacia fazendo uma discussão sobre a necessidade do PMSB – Plano Municipal de Saneamento Básico ou estar em Brasília discutindo com o Ministro do Meio Ambiente ou outro ministério qualquer. Porém, me sinto melhor quando estou conectado ao rio. Tenho necessidade de estar conectado com o rio e com o povo do rio.

Recentemente você foi escolhido para representar os comitês na Câmara Técnica de Segurança de Barragens. Qual a importância de ocupar essa cadeira e qual o seu posicionamento sobre essa temática?

Fazer parte dos 17 membros titulares da CTSB – Câmara Técnica de Segurança de Barragens do CNRH – Conselho Nacional de Recursos Hídricos, composta por representantes de ministérios, membros dos órgãos gestores de recursos hídricos dos estados, membros do setor elétrico, mineração e Associação dos Engenheiros de Segurança de Barragens, e apenas dois membros da sociedade civil é o meu maior desafio, porque talvez seja a câmara mais técnica do CNRH. Mas eu fui trazendo outro olhar, e apresentei o rio como um ser vivo que, ao ser barrado, muda o seu comportamento hídrico. E assim, comecei a levar a ideia de humanização quando se trata de segurança de barragens. Em contrapartida, levo as questões técnicas para o povo do rio, antes invisíveis aos olhos da segurança de barragens.

Também secretário na Câmara Consultiva Regional no Submédio São Francisco, como avalia a atuação e importância das CCRs no panorama de preservação da Bacia Hidrográfica e quais os desafios e caminhos para atuações ainda mais efetivas?

Temos 500 anos de impacto na Bacia e o Comitê foi fundado em 2001 e, há bem pouco tempo, foi implantada a Cobrança pelo Uso da Água. Os recursos são pequenos em relação aos impactos que precisamser mitigados, mas, ainda assim, o CBHSF tem atuado com a realização de projetos demonstrativos, para dizer aos governos estaduais e municipais que, mesmo com poucos recursos, é possível fazer alguma coisa pelo rio. A minha avaliação é de boa para ótima no programa de preservação da Bacia. O nosso maior desafio é o Pacto das Águas, onde questionamos que quantidade e que qualidade de água o estado de Minas Gerais entrega a Bahia, a Bahia entrega a Pernambuco e etc, até a foz, em Piaçabuçu, no estado de Alagoas.

Em 2018 você realizou a expedição fotográfica ‘Olhares do Velho Chico’ que na sua primeira etapa passou por 11 municípios. Como nasceu o projeto e com que objetivo?

Dos 505 municípios da Bacia conheço 285, e queria conhecer e fazer um registro fotográfico das 57 cidades que ficam na calha do rio, para ver como esse povo vive. As fotos selecionadas são inéditas. Serão publicadas no final da fase II da expedição, que está prevista para entre os meses de setembro e dezembro. Porém, outras fotos podem ser vistas no meu Instagram @almacksluizsilva

Como este trabalho contribui com a região da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco?

Na realidade entendo que contribui e muito, porque ao chegarmos nessas cidades fazemos palestras sobre meio ambiente e recursos hídricos. Temos o apoio dos membros do CBHSF Antônio Eustáquio (Tonhão), que me acompanha no Alto São Francisco, Ednaldo Campos no Médio, e Antônio Jackson, que me acompanha em todas as regiões fisiográficas, além do Baixo São Francisco.

CHBSF

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