Há mais de um mês, o Brasil estacionou a atualização de mortes por covid-19, o que não é nem de longe uma boa notícia. Com acréscimos diários batendo a casa de mil vidas perdidas, o país lidera o ranking mundial de novas fatalidades.
Ontem foram confirmadas mais 1.233 mortes. Ao todo, 75.366 brasileiros perderam a luta para a doença. A previsão é que o número de infectados ultrapasse, a barreira dos dois milhões. Enquanto isso, na avaliação do Ministério da Saúde, o governo mostra um “grande exemplo” no combate à pandemia.
“Eu discordo literalmente e frontalmente que o nosso país é um dos piores exemplos do mundo no combate da doença. Isso não é verdade por vários motivos. O primeiro grande motivo é que, talvez, sejamos o país com o maior número de recuperados da doença”, disse, em entrevista coletiva, o secretário de Vigilância em Saúde, Arnaldo Correia, ao ser questionado se houve falha na luta contra o vírus. Atualmente, o Brasil soma 1.255.564 de pacientes recuperados da covid-19 (63,8% do total de infectados).
A resposta de Correia não mencionou, porém, o número de mortes e de casos da doença e o secretário voltou a ser questionado. “Às vezes é uma opção, se você olha pelos dados de óbitos ou dados de vida. Se você prefere fazer relatos da tristeza e da dor de quem perdeu uma vida ou fazer um relato de quem lutou contra essa doença no serviço público de saúde e alcançou a sua recuperação. É sobre essa perspectiva que nós estamos falando”, justificou, frisando não existir omissão de dados.
As afirmações foram feitas na coletiva que atualizou, ontem, o cenário epidemiológico da covid no Brasil, onde apenas 142 municípios, ou seja, 2,6%, não relataram infecções pelo novo coronavírus. A análise feita pelo Ministério da Saúde mostra que 97,4% dos municípios brasileiros (que são 5.570 ao todo) têm registros de pelo menos um caso. Já ao observar quais localidades tiveram perdas pela doença, o número chega a 3.056.
Na apresentação do fechamento da 28ª semana epidemiológica, o país se manteve em primeiro lugar no mundo com confirmação de atualização de mortes diárias. No número absoluto, no entanto, continua atrás dos Estados Unidos, que, com 136.466 fatalidades, têm quase o dobro de óbitos brasileiros. Com a explosão de novos casos norte-americanos, o Brasil não é mais o líder de novas confirmações de infeções. Na semana 28, o país fechou o acumulado dos sete dias com 262.846 casos, enquanto os EUA tiveram mais 408.142 registros. No total, o Brasil tem 1.966.748 confirmações. A expectativa é que, hoje, o número de infectados ultrapasse a marca de dois milhões. Para que isso aconteça, basta que o país confirme a média de registros diários de casos da última semana epidemiológica, ou seja, mais 37.549 infecções.
Na variação de casos entre as semanas epidemiológicas 27 e 28, houve redução em 10 estados, estabilização em oito e incremento em nove. Já em relação ao número de óbitos, em 12 unidades federativas houve uma diminuição. A estabilização foi vista em outras cinco unidades federativas, e houve aumento em 10 (veja arte). “Isso mostra, efetivamente, que a doença se comporta de forma absolutamente diferente em diversas regiões do nosso país, o que já era esperado, já que temos dimensões continentais e com muita influência nos períodos sazonais”, acrescentou o secretário da pasta de Saúde.
Por região, o Ministério da Saúde observou redução de 9% dos casos e 20% dos óbitos no Norte, ao comparar as semanas 27 e 28. A correlação no Nordeste também foi de diminuição: 8%, nas infecções, e 4%, nas mortes. Na região Sudeste, enquanto houve aumento de 7% dos casos, houve redução de 3% das fatalidades. Houve incremento tanto em mortes quanto em casos no Sul: 36% e 8%, respectivamente. Por último, no Centro-Oeste, a elevação também foi observada, com incremento de 6%, nas infecções, e 26%, nas perdas.
Atualmente, 19 estados registraram mais de mil mortes pela doença e, ontem, o Distrito Federal e o Piauí entraram para o grupo, contabilizando 1.001 e 1.019 fatalidades, respectivamente. São Paulo lidera o ranking brasileiro, com 18.640 óbitos e 393.176 confirmações do novo coronavírus. O Rio de Janeiro é o segundo, com 11.757 vítimas da doença.
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