Um dia desses, o telefone tocou. Era ela: "amiga, estou quase concluindo o livro. Faltam, apenas, duas páginas."
Festejamos ali o momento e conversamos um pouco sobre certo tema que estava sendo abordado; depois, sobre outras veleidades do cotidiano: ela se dizendo feliz porque vim morar bem pertinho (um andar acima do seu); prometemos-nos tardes e tardes de convivência cultural, tão logo passasse esta maldita pandemia. Mas... nada aconteceu. Não deu tempo.
Venho aprendendo algumas coisas com as perdas que tenho experimentado ultimamente. Sei que Deus está no comando de tudo e de todos. É preciso aprender a aceitar, ou melhor, a conviver com as perdas. Elas vão acontecer na vida de todos e em momentos inesperados.
Nila, querida, revendo seu conceito de crônica, quis falar um pouco de nosso cotidiano. Pensamos em tardes e tardes de conversas culturais, de leituras e releituras de crônicas, poesias e outras criações. Combinamos ser vizinhas bem presentes nos momentos necessários, mas... não deu tempo.
A verdade é que você foi embora e não volta mais. Não haverá mais tardes de leituras, não fluirão mais poemas, crônicas, livros infantis... O mundo ficou menor.
Você foi convidada a ir morar em outro reino muito mais belo e mais importante do que este. Vá na paz do Senhor, querida.
Eu, aqui recém- chegada, a olhar o pôr do sol, sobre o qual comentávamos...
Agora, ali no ocaso, os leves tons de lilás se misturam com as cores opacas das montanhas, no horizonte, onde se expressa, eloquentemente, a SAUDADE.
Esmelinda Pergentino
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