Quando numa conversa entre amigos em que o papo está sintonizado na avaliação de alguns comportamentos e atitudes observados durante as experiências de viagens realizadas pelo mundo, com realce para o grau de civilização desses povos, a conclusão costuma ser: “é uma questão de educação, de cultura”! Essa é uma forma de sermos comparados, ou seja, no mínimo falta civilidade, vamos ser sinceros!
Tem circulado nas redes sociais um vídeo interessante, em que numa fila de atendimento num país asiático, aproxima-se um deficiente físico para ser atendido. Um jovem, que é o primeiro na ordem, cede-lhe o seu lugar e logo se desloca para o final da fila. Num belíssimo exemplo de cidadania, o segundo, o terceiro, o quarto e assim todos da fila, numa sequência, acompanharam a iniciativa daquele jovem, um após o outro, de maneira que ele recuperasse o seu direito de ser o próximo a ser atendido, após o deficiente. O seu gesto de grandeza e dignidade, foi assimilado pelos demais da fila. Todos que assistem o vídeo logo reagem: “que educação”! E novamente, surge a expressão: que civilidade!
Por aqui, lembro-me de já ter visto ou ouvido em alguma fila, após gesto semelhante de alguém, algum murmúrio odioso do tipo: “cedeu o lugar, perdeu a vez”! Uma reação que parece comum, porque o grau de formação das pessoas geralmente está direcionado pela disputa da competição sem limites, excludente dos princípios básicos de compreensão, cortesia e ética. Para ser claro e direto, essa deseducação é o que existe de mais deprimente, no real sentido da palavra.
A lição que se depreende, é que a conduta e procedimentos de cada cidadão, têm subordinação inquestionável não somente no aprendizado desde a infância, mas, de forma decisiva, no nível de formação oferecido pelo Sistema de Educação instituído pelo Estado. Assim, pelo valor que representa na modulação dos ensinamentos irrepreensíveis de caráter e decência, as Instituições do Estado que respondem diretamente por essas obrigações precisam ser tratadas de maneira diferenciada, principalmente com os ilustres e vocacionados professores, que se constituem nos lídimos baluartes dessa valorosa missão.
Isso significa dizer que na estrutura do Poder a área da Educação deve ter um tratamento especial e um elevado nível seletivo na escolha do Secretário e do Ministro, sem, jamais, ser objeto de barganha político-partidária para a nomeação dos seus titulares. É um setor que deve ser tratado com uma maior responsabilidade pelos governantes. Sem o famoso toma lá dá cá.
Impossível não relembrar a infeliz nomeação do colombiano naturalizado brasileiro, Ricardo Velez Rodriguez, primeiro Ministro do MEC deste Governo, que conseguiu em três meses de gestão acumular um monte de irritantes asneiras: a) Pediu que filmassem alunos cantando o hino nacional e enviassem ao MEC! b) Declarou que o brasileiro é um idiota quando viaja ao exterior; c) Como Ministro da Educação disse “que a Universidade não é para todos”! Tem mais, mas basta por aí...
Para a nomeação do titular do importante Ministério da Educação, parece-me mais relevante saber qual o seu projeto de gestão, do que propriamente os títulos de Mestrados ou Doutorados constantes do seu currículo, nem sempre com consistência acadêmica. O ex-Ministro falastrão, o Weintraub, teve um título de Doutorado corrigido pelo próprio Presidente Bolsonaro após anunciar a sua nomeação em abril/2019, ao afirmar que “ele não tem Doutorado, mas sim Mestrado em Administração”. O desgaste ocorrido com o agora nomeado/demitido Prof. Carlos Decotelli para o MEC é uma indignidade que não pode se repetir.
Com tantos Ministros despreparados, até agora, para a gestão de um Ministério desse nível, responsável pelo perfil cultural do cidadão brasileiro, conclui-se que estamos diante de UMA EDUCAÇÃO SEM RUMO... ou é o próprio Governo?
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – Salvador
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