Amora Pêra Gonzaga do Nascimento, Nanan Gonzaga e Daniel Gonzaga, filhos de Gonzaguinha e netos de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, divulgaram “nota de nojo” nas redes sociais repudiando o uso da música Riacho do Navio por Jair Bolsonaro em live.
A música foi tocada na sanfona pelo presidente da Embratur, Gilson Machado Neto, na quinta-feira (2). O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) inaugurou na sexta-feira (26) um trecho do eixo norte da transposição do rio São Francisco.
A obra bilionária, iniciada na segunda gestão do governo Lula (PT), teve o eixo leste, que corta Pernambuco e Paraíba, inaugurado pelo ex-presidente Michel Temer (MDB) em março de 2017. Logo em seguida, de maneira simbólica, pelos ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff (PT). A transposição é a maior obra hídrica do Brasil. O orçamento inicial de toda a obra saltou de R$ 4,5 bilhões para R$ 12 bilhões.
Bolsonaro acionou a abertura de uma das comportas, em Pernambuco, para que a água comece a chegar ao reservatório de Jati, no Ceará. Ele não falou com a imprensa nem fez discurso.
Durante uma live, o presidente citou a música Riacho do Navio, composição do Zé Dantas, interpretada por Luiz Gonzaga. Os filhos de Gonzaguinha enviaram nota de repúdio.
Leia nota na integra:
Diante da impotência e da impossibilidade de processo por propaganda indevida, por dupla apropriação, da canção de Luiz Gonzaga e Zé Dantas e do projeto do Rio São Francisco; nós, filhos de Luiz Gonzaga do Nascimento Jr, netos de Luiz Gonzaga, o Gonzagão, apresentamos uma NOTA DE NOJO diante deste governo mortal e suas lives. Governo que faz todos os gestos ao seu alcance para confundir e colocar em risco a população do Brasil, enquanto protege a si mesmo e aos seus.
Não estamos de acordo com o uso da canção Riacho do Navio, nem sua alteração, nem sua execução (com duplo sentido) pelo Senhor Gilson Machado Neto, presidente da Embratur, em transmissão ao vivo pelo Senhor Presidente.
E, AINDA QUE SIMBOLICAMENTE, não autorizamos ao Governo Federal o uso das canções assinadas por nenhum de nossos familiares, ou, ao menos, das respectivas partes que nos cabem.
Sonhamos com o dia em que nosso país volte a ser e a ter respeito e honestidade em relação à sua história, suas injustiças e desequilibrios.
Sonhamos o dia em que se volte a reconhecer, dentro do país, a importância da Cultura, das artes Brasileiras, e seu imenso legado por gerações, assim como o é em todo o mundo.
Sonhamos com o dia em que a informação e o conhecimento sejam distribuidos democraticamente à todes, para, apenas recomeçar, sanarmos essa doença que não faz distinção, além da social, como costuma ser na nossa violenta história. E depois, para que o poder e o espaço, em toda instância, possa ser equalizado e distribuido.
Sonhamos dias sem mortos pela violência do Estado, seja ela direta ou indireta. Finalmente; sonhamos com quando poderemos dançar e cantar abraçados, sem medo, nos bailes de forró e nas tantas festas as quais o Brasil faz e das quais é feito.
Trabalhamos todos os dias por realizar estes sonhos, que não são apenas por nós, mas por todas as gentes deste país.
Por hora, trabalhamos em casa, cumprindo as indicações internacionais da Organização Mundial de Saúde e pedimos que, todos que possam, também o façam.
Julho 2020
Amora Pêra Gonzaga do Nascimento
Nanan Gonzaga
Daniel Gonzaga
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