A esposa do policial aposentado Fabrício Queiroz, Márcia Aguiar, reclamava das táticas do ex-advogado do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), Frederick Wassef.
Em mensagens obtidas pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), e divulgadas pelo jornal O Estado de S. Paulo, Márcia questionou: " Deixa a gente viver nossa vida. Qual o problema? Vão matar?”.
Queiroz é ex-assessor do senador Flávio, filho do presidente Jair Bolsonaro, e foi preso no dia 18 de junho em um imóvel de Wassef de Atibaia (SP). Depois da prisão, o advogado deixou a defesa de Flávio. Queiroz foi preso no âmbito das investigações que apuram esquema conhecido como ‘rachadinha’, de desvio dos salários de servidores na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) e que é investigado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro. Márcia, por sua vez, não estava com Queiroz e está foragida desde o dia 18.
Segundo reportagem do Estadão, Márcia enviou a seguinte mensagem para a advogada Ana Flávia Rigamonti, que atuava no escritório de Wassef: “A gente não pode mais viver sendo marionete do Anjo. ‘Ah, você tem que ficar aqui, tem que trazer a família’. Esquece, cara. Deixa a gente viver nossa vida. Qual o problema? Vão matar? Ninguém vai matar ninguém. Se fosse pra matar, já tinham pego um filho meu aqui”. Segundo investigação do MP, Anjo seria o nome usado para se referir de Wassef.
As informações foram obtidas pelo MP do Rio após diligências realizadas em dezembro do ano passado, quando o telefone de Márcia foi apreendido. Em trocas de mensagem com Ana Flávia, ela disse à Márcia que Queiroz não queria mais ficar no imóvel em Atibaia, mas Wassef teria insistido na ideia de deixar a família escondida. Márcia respondeu: “Ele (Wassef) vai fazer terror, né?”
Em resposta enviada ao Estadão, Wassef disse que jamais articulou "qualquer rotina de ocultação do paradeiro de Fabrício Queiroz". "Assim como nunca dei ordens a ele ou à sua família. Da mesma forma, nunca o escondi", afirmou. O advogado ainda disse que nunca teve apelido de 'anjo'. "Não é verdade que ele passou um período de 6 meses direto em Atibaia. Eu apenas autorizei o uso da propriedade para quando Fabrício Queiroz entendesse necessário", afirmou.
Em entrevista à revista Veja na semana passada, Wassef disse que manteve o policial militar aposentado em seu imóvel para protegê-lo. Segundo o advogado, "forças ocultas" teriam jurado Queiroz de morte, e ele não só evitou a morte, mas evitou também que ela fosse remetida à família do presidente Jair Bolsonaro.
“O MP e a Justiça do Rio deveriam me agradecer por proteger uma testemunha importante", disse. O advogado afirmou que omitiu tudo de Flávio e do próprio presidente, e que só depois da prisão que ligou para ambos para tentar explicar suas razões. Inicialmente, segundo ele, resolveu ajudar Queiroz por 'questões humanitárias', porque ele estava doente e estava sendo muito assediado. Depois, descobriu informações de que Queiroz seria assassinado.
"O que estou falando aqui é absolutamente real. Eu tinha a minha mais absoluta convicção de que ele seria executado no Rio de Janeiro. Além de terem chegado a mim essas informações, eu tive certeza absoluta de que quem estivesse por trás desse homicídio, dessa execução, iria colocar isso na conta da família Bolsonaro. Havia um plano traçado para assassinar Fabrício Queiroz e dizer que foi a família Bolsonaro que o matou em uma suposta queima de arquivo para evitar uma delação", afirmou à revista Veja.
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