Com o objetivo de promover a discussão sobre a condição da mulher negra na sociedade e propor formas de enfrentamentos às opressões sofridas por elas, a Secretaria de Desenvolvimento Social, Mulher e Diversidade (SEDES) da Prefeitura de Juazeiro realiza desde 2017 o ‘Julho das Pretas’.
O evento acontece anualmente na sede do município e em comunidades rurais e quilombolas, com diversas atividades voltadas à temática. Este ano, devido à pandemia do Covid-19, o ‘Julho das Pretas’ se adapta ao formato virtual.
Com material informativo sobre a violência contra a mulher negra, o ‘Julho das Pretas’ divulgará, durante todo o mês, conteúdo para as redes sociais sobre dados relativos à situação da mulher negra no país, bem como formas de denúncia a essas violências. Um exemplo é o aplicativo de smartphone, SOS Mulher Juá, desenvolvido pela Ronda Maria Penha e que disponibiliza o ‘botão do pânico’. O recurso disponibiliza o acionamento rápido da instituição em casos de urgência e denúncias.
Este ano, a adaptação do ‘Julho das Pretas’ ao formato digital ocorre devido à pandemia do novo coronavírus. “Esse trabalho é de sensibilização, conscientização e valorização da mulher negra, que são as maiores vítimas da violência doméstica, do feminicídio e são as que mais vivem no trabalho informal. Atualmente vivemos essa situação atípica que é a pandemia, mas continua sendo prioridade pautar essas políticas públicas. Nesse momento, os dados têm se agravado ainda mais, mas a luta continua”, explica a diretora de Mulheres, Maria Quitéria.
De acordo com a diretora de Diversidade, Luana Rodrigues, essa também é uma oportunidade de destacar a pluralidade das mulheres negras na sociedade. “O Julho das Pretas é uma alusão ao Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, comemorado no dia 25 deste mês. Uma diversidade que precisa incluir, entre outras, as mulheres lésbicas, mulheres periféricas e da zona rural. É preciso que estejamos atentas às vulnerabilidades sociais às quais essa população está exposta”, comenta.
Ao longo dos três anos de realização do evento, temáticas como a saúde da mulher negra, medidas de enfrentamento ao racismo, a visibilidade das mulheres quilombolas e a autoestima das crianças negras foram alguns dos assuntos já discutidos dentro da programação, por meio de rodas de conversa, palestras e cine debates. As ações aconteceram em instituições como os Centros de Referência e Assistência Social (Cras) e Centro de Atendimento à Mulher (Ciam), assim como em comunidades rurais e quilombolas, a exemplo de Barrinha da Conceição.
Atividades em terreiros com discussões sobre a vivência das mulheres negras nas religiões de matriz africana também marcaram esse período de realização do evento. “A abertura da primeira edição aconteceu no Ilê Abasy de Oiá Gnan, terreiro de candomblé liderado por Mãe Adelaide, que foi alvo de intolerância. Esse foi um importante momento para debatermos e denunciarmos os impactos do racismo religioso na vida dessas mulheres”, destaca Maria Quitéria. A ação também reuniu lideranças de outras religiões e autoridades jurídicas.
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