O bom articulista Acordadinho, no seu último e oportuno texto sob o título “Como será o amanhã?”, num momento de feliz percepção da realidade atual, lançou vários questionamentos que, provavelmente, estão a povoar as mentes de milhões de pessoas no Brasil e no mundo, para os quais ainda não se visualizam respostas adequadas. Nada é mais verdadeiro do que o fato de que as coisas não mais serão como antes em praticamente todos os sentidos da vida.
Cada País e cada povo aprenderá a sua própria lição de vida para o pós-Pandemia, na exata proporção em que se comportou durante toda a crise. Nos países que não adotaram medidas preventivas ou flexibilizaram de forma mais apressada a volta a uma vida de normalidade, sofrerão as consequências do crescimento do número de infectados ou mortos. Exemplo disso ocorreu com os EUA e Suécia. Quando voltaram a relaxar os cuidados e as pessoas passaram a circular sem uso de máscaras e a fazer piqueniques em Parques, logo ocorreu a brusca reincidência do vírus. Sobre isso, está provado que, o chamado “novo normal”, não mais nos permitirá esses momentos tão singulares em nossas vidas.
No Brasil ocorre uma situação especialmente singular. Há uma crise dessa gravidade, com registro de mortes acima de 56.000 pessoas, até aqui, e o Presidente da República parece que se auto excluiu da gestão da crise! Fato inconcebível e que se contado em qualquer parte do mundo, asseguro que irão dizer que é uma estúpida mentira! Mas, estúpida mesmo é a verdade constatada ao longo dessa situação vivida pelo povo brasileiro.
É visível aos olhos de quem tem bom senso, que deveria ter havido desde o início ações integradas entre Presidência, Governadores e Prefeitos. Como está, nada mais evidente de que há uma disputa política e que tem gente “lavando as mãos” para não assumir o ônus da responsabilidade! Traduzido para um português corrente, seria como dizer: “deixa como está, pra ver como é que fica”.
Em paralelo a tudo isso, é de causar consternação a qualquer cidadão, o fato de testemunhar que o país atravessa uma aguda crise política, nomeação e queda de ministros a todo instante, bate-bocas entre autoridades, escândalos de corrupção nos investimentos contra o vírus e manifestações políticas inapropriadas contra os Poderes da República, num contraponto desumano a uma mortal Pandemia que assola o país!
Enquanto convivemos aqui com os vexames do despreparo que envergonha o Brasil perante o mundo, em Portugal, onde o vírus está sob controle, foi noticiada uma atitude exemplar do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, advogado e Professor catedrático de Direito da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Ele ministrou uma aula pela televisão para todos os alunos que estão em casa, sobre o tema da cidadania e assim se referiu ao COVID-19: “Essa experiência mudou o mundo para sempre em nossas vidas”. E sobre o confinamento, Rebelo de Sousa classificou o período “como uma lição de vida, uma experiência que nenhum deles esquecerá”. Segundo depoimento de um amigo/irmão português, aqui residente, o seu Presidente é uma pessoa simples e popular, e que comparece à praia sozinho, sem acompanhamento de qualquer segurança pessoal. Acrescento que, qualquer semelhança... será uma mera coincidência! Ou melhor, essa semelhança aqui nunca será! E sobre a aula de cidadania é a gente querer demais... Ou não?
Ao tempo em que desejo ver a autoridade do Presidente da República legitimada e restabelecida no comando das ações antivírus no país, é também temerário que, contra todas as práticas vigentes no mundo, de repente o seu estilo impetuoso se imponha, e do Norte ao Sul as máscaras sejam jogadas ao lixo, os abraços e aglomerações retornem no dia a dia, e assim mais uma pergunta vai ficar no ar, sem resposta: conquistaremos MAIS UM TÍTULO MUNDIAL, NEGATIVO?
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – Salvador – BA.
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