O transporte clandestino de ônibus, perigo frequente à população que desconhece os riscos de uma viagem interestadual ou intermunicipal sem itens de segurança, é um problema antigo, agravado pela ameaça à saúde pública, na pandemia.
A questão tornou-se aguda com o risco de contaminação pelo coronavírus, tendo em vista que ônibus clandestinos não seguem protocolos sanitários, até porque atuam na ilegalidade, à margem da fiscalização.
Com a suspensão da operação de ônibus regulares, imposta pelo poder público em algumas cidades e estados, a partir de março deste ano, o transporte clandestino encontrou o ambiente ideal para ocupar espaço e seguir levando passageiros por todo país, explica Letícia Pineschi, conselheira da Associação Brasileira das Empresas de Transporte Terrestre de Passageiros (Abrati). "Esse transporte se utiliza de carros, utilitários e ônibus. Eventualmente vem travestido de intermediação, plataforma de vendas digitais, fretamento colaborativo, carona solidária, transporte alternativo e diversos nomes que escondem a real condição de clandestinidade", denuncia.
Se antes a ação do clandestino era camuflada pelo fluxo das estradas, Letícia observa que agora o vai e vem está evidente, assim como a falta de atuação da fiscalização e os flagrantes dessas viagens, que colocam milhares de vidas em risco. Segundo ela, as empresas que prestam o serviço regular de transporte são impactadas pela ação ilegal do clandestino e lembra que o setor hoje já sofre com a queda de mais de 70% no número de passageiros transportados e teve seu faturamento abalado pós-pandemia. "Esperamos que o poder público atue com rigor na fiscalização e inibição desse transporte ilegal", reforça.
Para Letícia, aqueles que optam por essas viagens arriscadas desconhecem as consequências dessa escolha. Além dos passageiros que arriscam a vida nesse tipo de transporte, avalia que a sociedade em geral, por desconhecimento, acha normal e até cômodo pegar um transporte à beira da estrada ou em pontos improvisados, estacionamentos, por preços bem abaixo de mercado, sem saber que esses ônibus são conduzidos por motoristas despreparados e sem registro formal de contrato.
"Além disso, eles operam de forma irregular, despejam resíduos sanitários fora das garagens de manutenção, em locais inadequados, sem compromisso com o meio ambiente e bem-estar do passageiro", complementa a conselheira. Letícia destaca também que o clandestino é uma ameaça constante à saúde financeira de toda a cadeia produtiva do transporte regular no país, que paga impostos e arca com custos necessários para treinar colaboradores, equipar e aparelhar os veículos com tecnologia de ponta e outros investimentos em protocolos sanitários. Reforça ainda, que nesse caso, as empresas reguladas uniram esforços para promover viagens seguras, do ponto de vista de saúde, e reduzir os riscos de contágio pelo coronavírus, maior desafio da atualidade em todos os setores de serviço do Brasil e do mundo.
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