A prefeitura de Vitória da Conquista, no sudoeste da Bahia, adiou mais uma vez a terceira fase de reabertura do comércio da cidade, em que bares, restaurantes, lanchonetes e também academias voltariam a funcionar.
Segundo a administração municipal, a taxa de ocupação de UTIs, o número de casos na cidade, e também o número de óbitos têm levado à decisão de recuar na reabertura pela segunda vez.
O comércio reabriu na cidade no dia 1º de junho. A segunda etapa começou no dia 8 de junho. Até o dia 31 de maio, 159 casos tinham sido registrados em Vitória da Conquista. Segundo o boletim divulgado no sábado (20) pela prefeitura municipal, o número de infectados subiu para 486.
Os números de junho representam mais de 67% dos casos confirmados na cidade e o número da taxa de ocupação na UTI também cresceu e chegou a 60% na última semana. Já no boletim de sábado, esse número foi de 56%.
O que diz a prefeitura de Vitória da Conquista
Em reunião do Comitê de Representação Civil e Institucional, na tarde de sábado, o coordenador Kairan Rocha, que é secretário de Administração, disse que apesar de ter sido anunciada a contratação de 20 leitos de UTI do Hospital das Clínicas de Vitória da Conquista pelo Governo do Estado, apenas 10 deles teriam condições de receber pacientes em estado crítico da doença.
A Secretaria Municipal de Saúde recebeu do diretor clínico do hospital, Vinícius de Brito Rodrigues, ofício informando que o HCC conta com 20 leitos de UTI, mas na verdade apenas 12 deles possuem respiradores, e mesmo assim, dois respiradores seriam de backup, ou seja, são aparelhos de reserva, que seriam utilizados no caso de algum dos outros sofrerem problemas de qualquer natureza.
Sendo assim, o HCC teria apenas dez leitos de UTI em condições de receber pacientes em estado crítico da doença. Com isso, Vitória da Conquista teria 40 e não 50 leitos de UTI como foi divulgado.
Segundo informações do Comitê de Gestão de Crise da cidade, tanto o prefeito Hérzem Gusmão, quanto a secretária de Saúde, Ramona Cerqueira, teriam tentado contato com o secretário de Saúde do Estado, Fábio Vilas-Boas, mas não tinham recebido resposta.
Assim, diante dos números revelados sobre a quantidade real de leitos do HCC, a taxa de ocupação de UTIs alcançaria 68,33% e, conforme estabelece o Protocolo de Reabertura Gradual do Comércio, esse número deixa o município em estado de alerta.
Conforme comunicado divulgado no sábado, enquanto a prefeitura de Vitória da Conquista aguarda a resposta oficial da Secretaria de Saúde do Estado, o Comitê Gestor de Crise decidiu não avançar para a próxima fase do cronograma.
O que diz o secretário de Saúde da Bahia
Segundo o secretário Fábio Vilas-Boas, "é lamentável que o prefeito Hérzem Gusmão tenha feito declarações públicas que revelam desconhecimento técnico e portanto despreparo para lidar com o momento crítico da pandemia da Covid-19 em seu município. Pior ainda foi usar o alegado baixo número de respiradores do hospital de clínicas como motivo para suspensão do precipitado programa de abertura do comércio de Vitória da Conquista".
De acordo com Vilas-Boas, a cidade de Vitória da Conquista possui, atualmente, hoje 50 leitos de UTI, com ocupação de 59%. No Hospital de Clínicas foram abertos 20 leitos de UTI, sendo doze com respiradores.
Os requisitos mínimos para funcionamento de Unidades de Terapia Intensiva, conforme a Anvisa, estabelecem que uma UTI adulto deve dispor, no mínimo, para funcionar, um respirador para cada dois leitos, o que acontece hoje com o HCC. Dos 20 leitos disponíveis, oito estão ocupados e apenas dois estão em uso de respiradores.
Ainda segundo Vilas-Boas, respiradores não são equipamentos que estejam sobrando para que não sejam distribuídos com racionalidade e responsabilidade. "O governo do estado tem monitorado todas as UTIs contratadas e, havendo necessidade, mais respiradores serão enviados. A saúde pública não pode ficar a reboque de motivações políticas. As decisões responsáveis e técnicas continuarão a ser tomadas pelo governo do estado", disse Vilas-Boas à reportagem da TV Bahia.
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