O retorno das aulas totalmente presenciais nas universidades Federal de Pernambuco (UFPE), Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), de Pernambuco (UPE) e Federal do Vale do São Francisco (Univasf) só deve acontecer no próximo ano.
Reitores e ex-reitores das instituições de ensino superior participaram de um debate virtual sobre como as universidades públicas de Pernambuco estão enfrentando a pandemia da Covid-19. O evento on-line foi promovido pela Academia Pernambucana de Ciências (APC).
Para 2020, as universidades devem adotar um modelo de ensino híbrido, uma junção do ensino remoto e o formato presencial. "Vivemos um contexto de imprevisibilidade e não podemos causar nenhum tipo de exclusão", disse o reitor da UFPE, Alfredo Gomes, no evento. A universidade deve criar ainda um semestre suplementar - além de 2020.1 e 2020.2 - com dois meses de duração e com quantidade limitada de disciplinas.
A ex-reitora da UFRPE Maria José de Sena enfatizou que o modelo remoto ainda não deve ser adotado pelas instituições públicas de ensino superior do estado. "Devemos lembrar que 50% dos nossos alunos são cotistas e vêm do ensino público. Não vamos nivelar essas decisões pensando na fatia que tem condições. Também precisamos pensar nos nossos docentes. Muitos não têm como dar aulas nesse formato", afirmou.
Maria José defendeu que as universidades tenham um diagnóstico das comunidades acadêmicas. "Não há condições para retorno remoto sem acesso à tecnologia para 100%", pontuou. A UFPE está fazendo uma pesquisa on-line para ouvir a comunidade acadêmica sobre o uso de tecnologias digitais e condições de vida. Os formulários virtuais estão disponíveis para estudantes, docentes e técnicos da instituição.
O reitor da UPE, Pedro Falcão, destacou que a universidade estadual está oferecendo um curso não-obrigatório para que professores tenham formação em aulas remotas.
"Nossos estudantes entraram nos cursos na modalidade presencial. Outra questão é que professores não têm formação para isso. Oferecemos curso para os docentes. Não é obrigatório e, mesmo para os que estão fazendo, há um tempo para que estejam formados", esclareceu. Falcão informou que a UPE tem 12 polos de educação a distância (EAD) e cinco cursos nessa modalidade. "Esses cursos não pararam. Os cursos EAD foram criados, tanto o currículo como os professores e alunos, para ter esse formato", disse.
Sobre a situação no Sertão, o ex-reitor da Univasf Julianeli Tolentino pontuou que nem todos os estudantes da instituição tem acesso à internet.
"Existe uma preocupação com o acesso de estudantes a equipamentos, como computador, notebook, smartphone, e à internet. Além disso, será que todos têm um ambiente para estudo? Não podemos pensar em ensino remoto com exclusão. Não podemos privilegiar apenas quem tem acesso. Temos que pensar nos alunos quilombolas, das áreas rurais e não podemos reforçar desigualdades", afirmou. Segundo Tolentino, uma comissão foi formada na Univasf para discutir como e quando haverá acessibilidade para todos e como ficarão as aulas práticas, por exemplo.
PORTARIA: Na última quarta-feira (17), uma portaria do Ministério da Educação (MEC), publicada no Diário Oficial da União, estendeu a autorização de aulas a distância em instituições federais de ensino superior até 31 de dezembro. O documento, motivado pelas medidas de contenção à pandemia da Covid-19, também flexibiliza estágios e práticas em laboratório, que podem ser feitos a distância nesse período, exceto para cursos da área de saúde.
Em março, o MEC havia publicado a primeira portaria tratando sobre o tema. A validade era de 30 dias. O prazo foi prorrogado pela terceira vez. De acordo com a nova portaria, as instituições de ensino terão autonomia para definir o currículo de substituição das aulas presenciais, a disponibilização de recursos a estudantes e a realização de atividades durante o período. As instituições podem suspender as atividades acadêmicas presenciais pelo mesmo prazo. No entanto, essas atividades devem ser "integralmente repostas" quando for seguro o retorno ao ensino presencial.
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