Reportagem Especial: Quadrilheiros juninos lamentam a paralisação da cadeia produtiva devido a pandemia

20 de Jun / 2020 às 18h00 | Variadas

O cancelamento das festas de São João, uma das mais tradicionais na Região Nordeste, por causa da pandemia do novo coronavírus é lamentado por costureiros e aderecistas que obtêm renda a partir das apresentações das quadrilhas juninas. 

Além disso, ficam o vazio e a saudade para os integrantes dos mais de 330 grupos participam de concursos em Pernambuco. Em Juazeiro e Petrolina a ausência dos Concursos de Quadrilha deixa de movimentar a economia dos dois municípios.

A Prefeitura Municipal de Juazeiro, através da Secretaria de Cultura, Turismo e Esportes, realizou ano passado a 7ª edição do Concurso de Quadrilhas Juninas no dia 06 de julho, na quadra do Colégio Municipal Paulo VI.

Este ano não se verá a alegria, cores e sons das Quadrilhas Juninas: Encanto Nordestino, Nação Nordestina Junina, Forró Xaxado, Estrela do Sertão, Renascer do Sertão, Buscapé, Explode Coração, Danado de Bom, Folgueirarte, Império Caipira, Balão Dourado, Oce tá Boa, Balão Dourado, Forró Xaxado, entre outras.

Em Petrolina o Concurso já caminha para a 50º edição. Ano passado foi realizada a 48º edição do Concurso de Quadrilhas Juninas. O coordenador da Quadrilha Junina Renascer do Sertão, localizada no bairro Maria Auxiliadora. Josemar de Lima, diz que não é fácil "Ssão 24 anos marcando presença nos festejos de São João. Estavamos já na fase dos ensaios. Além do mais é toda uma cadeira produtiva que ficar parada, sem movimentar a economia, constureiras, sapateiros, cenográfos e o mais profundo, o sentimento do quadrilheiro de todos vai ficar sentindo a falta de mostrar o trabalho e mais uma ano de dedicação".

Os ensaios para garantir mais um ano de espetáculos estavam a pleno vapor, mas tiveram que parar devido ao isolamento social necessário para impedir a disseminação da Covid-19. “Exatamente nesta época, a gente estava virando a noite de ensaios e preparativos finais”, disse Tony Magalhães, presidente da quadrilha junina Traque de Massa, de Águas Compridas, em Olinda.

Ao tirar do calendário deste ano uma das festas mais esperadas em todo o estado e no Nordeste. A pandemia fez com que muitos profissionais envolvidos nos espetáculos das quadrilhas juninas ficassem sem trabalho e sem renda.

Ricardo Luiz de Souza é aderecista da quadrilha junina Tradição, do Morro da Conceição, na Zona Norte do Recife. Ele é quem faz os chapéus e as coroas, enfeita os sapatos e ajuda a dar mais brilho às apresentações. Sem a confecção dos adereços juninos, a renda dele despencou cerca de 40%.

Para tentar ajudar os profissionais que dependem das quadrilhas juninas, uma campanha solidária arrecadou doações e distribuiu três toneladas de alimentos. “Como o ciclo junino está parado para a gente, que ficou desempregado também, vai chegar em uma boa hora”, disse a costureira Ivanise Gomes.

Em meio à saudade do São João, quadrilheiros garantem que, em 2021, as festas juninas vão ser ainda mais caprichadas. “Celebrar a vida, ter mais amor ao próximo, pensar na nossa união. Acho que isso é muito importante”, afirmou a presidente da Federação de Quadrilhas Juninas de Pernambuco, Michelly Miguel.

O Fórum Permanente de Quadrilhas Juninas aponta que aconteceu a paralisação das suas atividades coletivas como ensaios, produções e apresentações. "Os trabalhos temáticos, ou seja, a construção dos espetáculos, foram guardados para 2021. Algumas atividades internas já tinham sido iniciadas, a exemplo da produção de figurinos, cenários, adereços, composições coreográficas e musicais, o que significa a compra de materiais diversos e a contratação de profissionais para a realização das mesmas", relatou Soiane Gomes, representante do fórum.

Não há um número exato de agremiações na Bahia, mas só no último Campeonato Estadual de Quadrilhas Juninas da Bahia, organizada pela Federação Baiana de Quadrilhas (FEBAQ) em parceria com a Bahiatursa, no ano passado, participaram 43 grupos que utilizam da linguagem artística popular, todos eles associados à FEBAQ.

O fórum reclama que as agremiações, mesmo as associadas, não tiveram nenhum plano emergencial de auxílio ou ações compensatórias pelos recursos investidos por parte da federação ou pelo poder público. Tudo o que tem sido feito para dar apoio aos integrantes das agremiações tem acontecido de maneira independente pelos próprios grupos.

Redação redeGN Fotos Ney Vital

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