No mundo todo, a covid-19 impactou o setor da cultura. Um relatório publicado pela revista ArtForum indica que 13% dos museus não reabrirão mais depois do fim do distanciamento social”, observa a artista e professora da FAU-USP, Giselle Beiguelman, em sua coluna Ouvir Imagens. “Demissões em museus já são massivas.”
Ela aponta para uma realidade que penaliza a cultura. “Segundo a Rede de Educadores de Museus, ao menos 35 instituições no País demitiram educadores.
Essa área está sendo afetada pela pandemia. Não só aqui, mas globalmente, sob o argumento da diminuição das atividades presenciais. O que dispensaria a necessidade dos educadores. Isso é bastante preocupante.”
Na opinião da professora, é importante os museus pensarem estratégias para as redes a partir das áreas educativas. Destaca que o problema não atinge só os museus. “Atinge também o teatro, o cinema e toda cadeia produtiva das artes e da cultura. É preciso entender que esses setores não correspondem à imagem idealizada que se tem dos artistas como pessoas inspiradas que flutuam no mundo a partir de grandes ideias. Esse trabalho artístico e cultural envolve dinâmicas e logísticas próprias e uma infinidade de profissionais, ligados à educação e a especialidades técnicas que fazem esse setor funcionar.”
No Brasil, no entanto, a crise na cultura não se deve apenas à pandemia. “Essa crise começou na participação acessória que foi confiada à cultura na agenda de desenvolvimento social do País”, afirma. Evidência dessa situação alarmante é que, em menos de um ano e meio, a Secretaria Especial da Cultura do governo federal teve seguidas trocas de comando, indo agora para o seu quinto ocupante. Em síntese, a crise pela qual passam os trabalhadores das artes aponta para a inexistência de uma política para o setor, o que significa um projeto voltado à formação cultural contínua e não apenas restrito à difusão e acesso à programação cotidiana.
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