Pelo terceiro dia seguido, o boletim epidemiológico do Ministério da Saúde sobre a COVID-19 será divulgado apenas as 22h. E assim será daqui em diante, por determinação do presidente da República, Jair Bolsonaro.
Ele afirmou que o atraso de horário se deve a uma mudança de critério nos cálculos realizados pelo ministério. E atacou a imprensa, especialmente, a TV Globo, que por dever jornalístico, divulgam os dados sobre a doença.
“O horário adequado. Se ficar às 21h, tudo bem. Não vamos é correr às 6 da tarde para atender a Globo, a ‘TV Funerária’. Não tem cabimento isso. Consolida com clareza, com precisão, a data certinho”, declarou.
Bolsonaro não confirmou que a ordem para a postergação do boletim tenha partido dele, e voltou a citar a Globo.
“Não interessa de quem partiu (a ordem para atrasar a divulgação). Acho que é justo ser 10h da noite, tendo um dado completamente consolidado. Ninguém tem que correr para atender a Globo”, disse.
Após os ataques do presdiente, a emissora se pronunciou por meio de nota:
“Opúblico saberá julgar se o governo agia certo antes ou se age certo agora. Saberá se age com motivação técnica, como alega, ou se age movido por propósitos que não pode confessar mais claramente. Os expectadores da Globo podem ter certeza de uma coisa: de que serão informados sobre os números tão logo sejam anunciados, porque o jornalismo da Globo corre sempre para atender o seu público”.
Bolsonaro tentou justificar a alteração do horário da divulgação do balanço nacional da COVID-19, afirmando que o governo quer divulgar "dados mais consolidados".
“Mas é para pegar o dado mais consolidado. Tem que divulgar os mortos no dia. Por exemplo, ontem (quinta), praticamente dois terços dos mortos eram de dias anteriores. Tem que divulgar o do dia*. O resto consolida pra trás. Se quiser fazer um programa do Fantástico todinho sobre mortos nas últimas semanas, tudo bem", disse.
O presidente também citou o fato de pacientes vítimas da COVID-19 já terem a saúde prejudicada por outras doenças.
"Se bem que o que falta ainda, mais difícil, tem que saber quem perdeu a vida por causa do Covid ou com o Covid. Às vezes a pessoa tem três comorbidades, está com 94 anos e pegou o vírus. Potencializa. O Jornal Nacional gosta de dizer que o Brasil é recordista em mortes. Falta, inclusive, seriedade. Mortes por milhões de habitantes. É mesma coisa de querer comparar o Brasil que tem 210 milhões de habitantes com países que têm 10 milhões”
No período em que Luiz Henrique Mandetta ocupava o posto de ministro da Saúde, uma coletiva de imprensa era realizada no Palácio do Planalto, todo os dias, às 17h. Além de responder a perguntas e dar um panorama da situação, Mandetta levava para o encontro sua equipe técnica.
Após a entrada de Nelson Teich como chefe da pasta, esses eventos estão cada vez mais escassos. Atualmente, o ministro interino é o general Eduardo Pazuello, que não tem formação na área de saúde, nem mesmo experiência no setor. No entanto, ele não resiste as ordens e interferência do presidente, mesmo que contrarie especialistas e o próprio corpo técnico do ministério.
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