A patroa da mãe da criança que morreu ao cair do 9º andar de um prédio em Recife, na tarde de ontem, foi detida hoje pela Polícia Civil de Pernambuco suspeita de homicídio culposo (quando não há intenção de matar). Segundo a polícia, a mulher teria negligenciado e se omitido de cuidar do menino enquanto a empregada doméstica saiu do apartamento para passear com o cachorro da família. Após pagar uma fiança de R$ 20 mil, a investigada obteve a liberdade provisória.
Imagens do circuito de segurança do condomínio apontaram que o menino foi deixado sozinho dentro do elevador pela patroa, instantes após a doméstica sair para passear com o cachorro. O menino saiu à procura da mãe e acabou se perdendo no prédio, vindo a cair fatalmente do 9º andar.
A criança acompanhava a mãe ao trabalho porque a creche que ela estudava está com atividades suspensas devido à pandemia do novo coronavírus. O enterro do corpo do menino ocorreu hoje, no cemitério do distrito de Bonança, em Moreno, na região metropolitana do Recife.
A mulher é esposa do prefeito de Tamandaré, Pernambuco. A mãe da criança declarou hoje durante entrevista. "Se fosse eu, meu rosto estaria estampado, como já vi vários casos na TV. Meu nome estaria estampado e meu rosto estaria em todas as mídias. Mas o dela não pode estar na mídia, não pode ser divulgado. "Ela confiava os filhos dela a mim e a minha mãe. No momento em que confiei meu filho a ela, infelizmente ela não teve paciência para cuidar, para tirar [do elevador], declarou.", desabafou Mirtes.
Para pressionar as autoridades, um abaixo-assinado, intitulado Justiça por Miguel, circula na internet e já conta com mais de 500 mil assinaturas. A meta estipulada pela plataforma é 1 milhão de assinaturas. O texto que ilustra o documento digital diz:"Queremos justiça pela vida do pequeno Miguel e por toda sua família vítima de uma tremenda irresponsabilidade da Patroa. A vida dele importa e vale muito mais que 20 mil reais de fiança!".
A patroa e a funcionária foram ouvidas ontem pela polícia, logo após a queda da criança do prédio. Hoje, a patroa da empregada doméstica foi presa pela polícia, prestou depoimento e foi estabelecida a fiança no valor de R$ 20 mil - que é compatível pelo crime de homicídio culposo. Após pagar a fiança, ela obteve a liberdade provisória.
O delegado Ramon Teixeira, responsável pelas investigações, informou que não vai divulgar o nome da investigada porque priorizou a divulgação dos fatos investigados.
Segundo a polícia, a perícia criminal foi clara ao apontar, cronologicamente, que não havia a presença de uma segunda pessoa no nono andar no momento da queda do menino. Imagens do condomínio foram analisadas pela polícia, que confrontou com as investigações dos peritos do Instituto de Criminalística, concluindo que a morte da criança foi um acidente.
Entretanto, o delegado informou que hoje entrou na segunda parte da investigação para saber de quem era a responsabilidade por deixar a criança sozinha e descobriu que a própria patroa da mãe do menino o deixou sair sozinho pelo elevador. A criança apertou aleatoriamente os botões do equipamento, que parou no sétimo e no nono andar, saindo neste último. E seguida, o menino caiu do prédio.
Moradores contaram à polícia que chegaram a ouvir o menino gritando pela mãe, no momento em que possivelmente a viu na via pública passeando com o cachorro da patroa.
"Não há dúvida que a queda foi fatalmente acidental. Identificamos o comportamento negligente [da patroa] ao permitir por meio daquelas circunstâncias que a criança seguisse sozinha no elevador, inclusive a lei municipal proíbe o deslocamento de crianças com menos de dez anos desacompanhadas sozinhas no elevador. Aquele comportamento infeliz permitiu a ocorrência do resultado claramente não desejado. Não houve qualquer identificação de dolo", explicou o delegado.
Em sua avaliação, a patroa tinha naquele momento o "dever de impedir o resultado que aconteceu" ao permitir o fechamento da porta do elevador. O delegado explicou que arbitrou o pagamento da fiança de R$ 20 mil, seguindo o Código Penal.
A Polícia Civil informou que tem o prazo de 30 dias para concluir do inquérito para ser remetido ao Ministério Público Estadual. Após receber o documento, o órgão analisará se denunciará o caso ou não à Justiça.
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