Em tempos de pandemia onde há uma crise civilizatória, econômica, política e sanitária em vigência, o município de Juazeiro-BA, na figura do prefeito Paulo Bomfim (PT), do poder legislativo e dos empresários varejistas da região, colocam a sociedade frente à morte. Nesse sentido, é essencial considerar a realidade do nosso país que se encontra como o novo epicentro em número de mortes diária da Covid-19, no mundo, ultrapassando a marca de 1.000 mortes por dia.
Nessa discussão, é importante ressaltar o contexto nacional para tomar qualquer medida visto que Juazeiro não é uma cidade isolada, mas sim um município que atende nos seus mais variados aspectos sociais, outros municípios da nossa região, além de estarmos em uma localização estratégica, no extremo norte do estado baiano, sendo ponto intenso do tráfego e fazendo divisa com o estado de Pernambuco.
Sobretudo, avaliando a situação municipal, a secretaria de saúde não apresenta nenhuma previsão para o pico de casos da covid-19, muito menos uma garantia de ampliação do suporte, uma vez que a problemática da saúde do município já ocorre antes mesmo da pandemia e no atual momento há a potencialização desses problemas como a falta de estrutura da UPA, os poucos leitos que mesmo não estando ocupados, não seriam suficientes para atender uma cidade com mais de 200.000 habitantes, fora as outras cidades que recorrem ao nosso município. Logo, não menos importante, tem-se também a falta de pagamento aos profissionais do hospital Regional com a precarização do serviço, a ausência de um hospital de campanha baseado em um prognóstico de pesquisa e a pouca testagem na população para certificar os casos do novo coronavírus, na cidade, fazendo assim alusão a um cenário sanitário preocupante onde fatores como o grande número possível de subnotificações da doença agravam também as incertezas.
Embora a prefeitura afirme que Juazeiro foi a primeira cidade a tomar as medidas cautelosas, nada adianta quando no pior momento da doença essas medidas serão engolidas pela reabertura do comércio, mesmo sabendo que o fechamento total nunca ocorreu, uma vez que lojas estavam abrindo para comercialização e a fiscalização não aconteceu da maneira devida, ocasionando aglomerações nas ruas centrais e de alguns bairros. Na última quinta-feira (28/05), o governo municipal apresentou o plano de reabertura do comércio com vários equívocos, mostrando que quando partimos para o caso concreto, as poucas restrições adotadas são meramente simbólicas e fantasiosas. Observa-se também que medidas como essa (reabertura do comércio) já aconteceu em outras cidades, mas logo os casos dispararam e o sistema de saúde entrou em colapso, fazendo com que o comércio fechasse novamente.
Infelizmente o que percebe-se nesse plano, é o mesmo jogo de interesses que em nada beneficia o povo, mas sim os grandes empresários da região que pressionaram a gestão municipal que optou por ceder. É importante mencionar o silêncio da câmara municipal em relação a essa situação. Se o governo municipal estivesse preocupado com as necessidades financeiras e a saúde dos trabalhadores, apresentaria de imediato, um projeto de auxílio aos mesmos, impulsionando essa iniciativa nas esferas estadual e nacional, garantindo o direito ao isolamento social que até então é a única medida que pode conter mortes e internações em massa.
O prefeito Paulo Bomfim (PT), assim como o presidente Jair Bolsonaro estão demonstrando que pela lógica de atuação na gestão e no entendimento do grande mercado financeiro, o lucro está acima da vida. Sabe-se que nessa crise quem paga a conta é a classe trabalhadora e esse pagamento pode acontecer com suas próprias vidas. Entretanto não foram os trabalhadores que fizeram esse caos, mas sim o jogo de interesses embasado no sistema capitalista que continua explorando o povo.
É importante lembrar que a saída precisa ser feita de cima para baixo da base social e não o inverso disso, através de um verdadeiro auxílio financeiro às pessoas sendo elas autônomas ou não, a taxação das grandes fortunas milionárias e bilionárias, um plano de cobrança aos grandes bancos privados que receberam, imediatamente, auxílio bilionário pelo governo nacional e todas as medidas que as organizações de saúde já alertaram, como a testagem em massa da população, a criação de novos leitos, a compra de respiradores e a garantia do isolamento social até que haja o mapeamento coerente da doença.
A construção de um mundo pós pandemia se começa pela a base, apresentando as contradições do sistema predatório capitalista e o superando, construindo rumos para uma sociedade emancipada e livre de todo tipo de exploração humana e ambiental.
Por isso, nós do PSOL Juazeiro repudiamos atitudes como essa da gestão municipal que coloca os interesses do mercado privado em detrimento dos interesses, saúde e bem-estar da maioria social, sendo o próprio mercado privado alinhado aos desmandos bolsonaristas e sua turma reacionária. Ceder em um momento caótico da saúde pública é legitimar os ataques ao povo juazeirense de maneira estrutural. Lutaremos para que o movimento trabalhador resista e avance contra esse tipo de política conciliatória, genocida e neoliberal.
ASCOM PSOL Juazeiro/BA
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