Espaço do leitor: O monturo a que chegou a minha cidade

18 de May / 2020 às 23h00 | Espaço do Leitor

O propósito do texto que ora é abordado, creio ser este, um memorial, por demais conhecido de todos aqueles que, ou nasceram as margens direita do Rio São Francisco, ou que vivem, viveram e estão acompanhando uma realidade (nua e crua) em que nós juazeirenses, estamos cansados do convívio nefasto ou até mesmo pernicioso, diante de uma tamanha desfaçatez, por que não, degradação, deterioração, ruína proporcionando-nos um estado de caos aos nossos olhares sem podermos fazer nada quando tristemente observamos para a situação de destruição em que vem se acumulando na nossa Juazeiro.

Sei perfeitamente, que alguns muitos descuidados,  talvez poucos cuidadosos,  vão manifestar-se a respeito, contudo acredito ser salutar tais manifestações, no momento em que as nossas vistas estão  ofuscadas por uma patologia,  não sei se miopia ou hipermetropia, requerendo uma intervenção cirúrgica de urgência para, verificar se  for o caso, buscar um especialista de renome  nos próximos sufrágios, uma vez que A PACIENTE encontra-se  internada há algumas décadas na “UTI URBANA”. afim de que sejam retirados dos nossos olhos o MONTURO que vem se instalando na Capital das Muriçocas.

Quando afirmo no cabeçalho acima, trata-se também de fazer um desafio, aos incautos, aos sonhadores e saudosistas, aqueles que ainda sentem o chamado sentimento nativista de um povo, sobre o que eu e você estamos vendo e vivendo, senão passemos a descortinar minuciosamente com a nossa Lente de Aumento. 

Consultando ao DOUTOR DO TEMPO, o que se tem observado ao longo de várias décadas, trata-se de um processo sucessivo e desastroso ao longo da administração pública municipal, em que fomos largados, num estado de abandono e infortúnio, em que os seus concidadãos na expectativa de sobreviver em um município sem um Plano Diretor, uma vez que desconhecemos algumas discussões com a participação dos cidadãos juazeirenses sobre tais planejamentos, onde tudo ou quase tudo, é feito ou elaborado no tradicional jeitinho baiano.

Vejamos, pois, como se encontram as nossas ruelas, ou melhor, trata-se de uma cidade com apenas duas avenidas, se é que podemos chamá-las como tal, ou seja, aquela que sai da INACREDITÁVEL ponte picolé, e a tradicional Adolfo Viana, as demais constituem-se em verdadeiras ruelas, e para o engodo de alguns, deram recentemente o chamado “Banho de asfalto”.

Aliás, vai aqui uma pergunta que requer uma resposta. 
Fiquei sem entender, a duplicação da pista que se inicia às imediações do Atacadão, cuja “duplicação” encerra-se logo ali à frente. Duplicaram para que? Me expliquem senhores!!!!! Faltou recurso, ou faltou uma voz que bradasse, ou  denunciasse tamanho desvairo?
E o trecho  compreendido entre  o INSS, via lagoa de “KALU”, antigo 3ºBPM, Mercado Produtor, ATACADÃO, supermercados AÇAI, MERCANTIL, Ponte PICOLÈ, até quando receberão uma segunda via? Ou já não bastam os constantes engarrafamentos? 

Ao que nos parece, os recursos orçamentários da União/Estado que vieram para Petrolina e Juázeiro por ocasião da duplicação da Ponte Presidente Dutra, esbarraram no lado de cá e aceitamos uma ladeirazinha como premio de consolação, e além do mais não se ouviu falar de nenhuma oposição, indignação ou revolta, diante da LADEIRAZINHA!

Ah! Ah! e as  nossas calçadas esburacadas,  que mais parecem tobogãs, acomodadas por ruelas de toda a sorte! E o que dizer da  iluminação pública! Coitados de nós pagadores da taxa de iluminação pública, que somos submetidos a tribulações de toda ordem, tais como: sustos, quedas, tropeços e topadas, assaltos, sobretudo quando temos de sair à noite para cumprir mais uma jornada de trabalho, ou até mesmo a passeio, para onde? (para Petrolina é claro!) tornando-se um  verdadeiro desafio. 

A famigerada rede de esgoto onde são desabrochadas as nossas muriçocas, e de logo nos perguntamos: Do que tem servido as taxas cobradas pelo SAE para tal fim? 

E o rio côcô, atravessando décadas “embelezando” a nossa cidade com sua sinuosidade mal cheirosa, fétida, putrefeita, recepcionando e dando boas vindas aos nossos turistas e visitantes quando são surpreendidos com as picadas das muriçocas?

Por falar em pagamento de imposto, o IPTU afinal, tem servido para que?  Fico até com vergonha quando observo pela minha “lente” as edificações privadas e  públicas da nossa vizinha Petrolina. 

Em se tratando de edificações publicas e privadas, de logo me veem as nossas edificações, publicas e privadas, que parecem mais um “Gueto” com quiosques, barracos de todos os tipos esparramando-se por todos os lados, onde tudo se resolve um jeitinho JUAZEIRENSE. 

A nossa Urbe, fora de tal forma pessimamente mal planejada, em se observando a qualidade das nossas ruelas, praças, jardins, locais de esportes, ruelas estas que mais parecem “BECOS” típicos da urbe soteropolitana, advindo daí a loucura do transito, quando o cidadão contribuinte merece ser melhor respeitado com uma prestação de serviço de qualidade, onde se chegou ao ponto de se vê forçado a pagar por um estacionamento na sua própria calçada? E os locais para  estacionamentos públicos, onde ficaram

Quais são os atrativos que a nossa Juazeiro dispõe hoje para captar recursos empresariais, indústrias e novos investimentos, se não temos uma infraestrutura que possa dar suporte para tal fim!  De onde virá a nossa sorte! 

 A decadência de uma cidade sem investimentos ao longo de várias décadas tem se mostrado cancerosa e raquítica, pois está a espalhar-se como uma grande centopeia por toda a ”urbe”. E isto é percebido no momento em que várias famílias, vem transformando suas residências em pontos comerciais e outras atividades, como a proliferação dos chamados “barzinhos” de toda a sorte. 

Atentemos para mais esta dicotomia,  ou seja, sempre existirá recursos para foliões carnavalescos, festas de juninas e etc, eventos  geralmente patrocinadas pelo poder publico,  em detrimento da dignidade dos demais juazeirenses, quando tais recursos deveriam ser destinados ao atendimento da melhoria na qualidade de vida,  da saúde,  da educação, trabalho, promoção de emprego e como consequência  lazer aos seus munícipes. E enquanto isto, está a acontecer  o CIRCO continua, em pleno século XXI.

Creio que já  ser tardio a oportunidade de  se rever a degradação galopante  e desenfreada, desregrada, que vem se  perpetuando a na orla sanfranciscana, será este o nosso cartão postal?
Perguntamos:. Você levaria um visitante para orla juazeirense  ou para o Bodrodomo! 

E o ponto de apoio rodoviário, cognominadada de estação rodoviária, ou passarela das muriçocas! È por demais sabido que existem empresas de transportes rodoviários, que são orientados a não utilizar este ponto de apoio, e em consequência alguns  passageiros aqui residentes, são forçados e descerem na pista da rodovia, sob as mais difíceis condições, principalmente quando desembarcam pela madrugada.

Olhando ou pouco mais adiante para a qualidade da saúde do juazeirense, vemos uma Unidade denominada de UPA, cujas instalações e atendimento não refletem a mesma qualidade dos recursos orçamentários da União/Estado apensados para a UPA de Petrolina. Ou melhor, para Juazeiro, se faz qualquer coisa, que ELES aceitam.

Parece-nos que a fonte recursal fora a mesma, mas porque são diferentes? Não se trata de atendimento com devida qualidade que o cidadão contribuinte espera! Até quando continuaremos ser mais bem acolhidos quando recorremos a UPA e hospitais da nossa Cidade vizinha. Me parece ser vergonhoso esta tamanha degradação a que chegamos.  E a tão falada DIGNIDADE DO SER HUMANO, vem se tornando letra morta constituinte!

E por falar em Shopping, será que os poderes constituídos não já atentaram para a situação sinistrosa, que é, quando saímos do shopping à noite? Aquele trecho compreendido entre a saída do Shopping até o prédio do INSS é algo temeroso, e tenebroso e por demais arriscados para as nossas famílias, e visitantes, uma vez que, a iluminação é precaríssima sem sinalização vertical e tão pouco horizontal, sobretudo no contorno do mercado produtor. Alias, as nossas ruelas não tem placas de sinalização. 
É uma vergonha.!!!!

E o Mercado Produtor, digo, produtor de que? Suas instalações mais parecem como um grande, pocilga onde convivem os comerciantes com animais, carnes, frutas, verduras, legumes, ratos, baratas, cobras, lagartos, muriçocas, pontos de drogas e prostituição. 

 Vejamos então, a nossa feira livre. Livre de que? Só se for de uma excelente e nova construção, uma vez que, nem reforma se pode ser levada a efeito, onde as pessoas que tentam comercializar estão convivendo num submundo infestado de imundícies aprisionado a um famigerado mercado de carnes e animais daninhos.

 Ah! O Correio e Telégrafos, Ah! Majestosa estação ferroviária, a Companhia de Navegação do São Francisco, a CODEVASF, o Hospital Regional, a Santa Casa de Misericórdia, os nossos coretos as nossas praças, os nossos jardins, os nossos monumentos, o tradicional passeio na Rua d’Apollo aos domingos à noite, o desfile das demais entidades escolares no dia 7 de Setembro, as escolas de samba dos carnavais de outrora, os filmes que eram exibidos nos Cine Teatro São Francisco após a sua reforma DOUTOR JIVAGO e etc, a chegada dos vapores São Francisco, Benjamim de Guimarães, Barão do Cotegipe e etc, quando apitavam anunciando a sua chegada, em que era erguido o vão central da ponte até o seu aporte no cais, trazendo turistas, passageiros e varias mercadorias.  

Do lado de cá, tudo aquilo que outrora se construiu outrora, vem sendo aniquilado, extinguido a cada dia, transformando-se num monturo de coisas velhas, carcomidas e corroídas não só pelo tempo, como através da ação nefasta de alguns, uma vez que já estamos sem perceber, convivendo NUM LIXÃO.

Finalmente, já tivemos pista de pouso no bairro de Piranga ou (IPIRANGA?), estação ferroviária uma obra arquitetônica que fora desmanchada na ”Marreta” para acessar a ponte Presidente Dutra, e ao que se nos parece não se vislumbrou nenhuma outra opção acredito.

Já tivemos agencias de viagens aéreas como a REAL e a CRUZEIRO DO SUL, revendedoras de automóveis, VEMAG, FIAT, FORD, tratores, torrefadoras de café, moinhos, uma Rede Ferroviária Federal, que fazia o trajeto Salvador – Juázeiro, cinemas (São Francisco e Glória), orquestras como a Sociedade Filarmônica Apollo Juázeirense, Artífices Juazeirenses, 28 de Setembro, Clube dos Caçadores, São Francisco Country Club, e uma novidade que fora a orquestra feminina chamada “DIACHUY”.  

Mas porque que, do outro lado do rio, vem erguendo-se a quarta maior cidade do Nordeste! Não é sem motivo que a melhor vista da nossa cidade, é a beleza da Cidade de Petrolina. Alias, até pouco tempo atrás, a IMAGEM de  abertura da Tv São Francisco que era levada ao ar, espelhava a cidade de Petrolina, como se fora a nossa cidade.  

Finalmente encerro aqui agradecendo  a pujança do povo pernambucano pela abençoada  vizinhança, e nos os badameiros, podemos subir a LADEIRINHA alcançar  a ponte picolé, e desfrutarmos de  ruas e  avenidas com calçadas devidamente  arborizadas, postes com iluminação pública, semáforos, varias revendedoras de automóveis, agencias bancárias, lojas de departamentos, representatividade  física de qualidade  de Órgãos federais, estaduais e municipais,   aeroporto, shopping centers, Campus da Universidade  Federal do Vale do São Francisco e outros, hospitais das mais diversas especialidades dentre estes, cito o Hospital da UNIMED, a UPA, restaurantes que atendem do menor aos mais apreciados paladares.

Enquanto  isto continuamos convivendo com o  MONTURO, que vem se acumulando  ao  longo dos anos na expectativa de que talvez algum dia surja um vassourão que  dê inicio a uma limpeza   geral em nossa “URBE”.

Obrigado aos Hermanos Pernambucanos de Petrolina, pela constante demonstração de abnegação para conosco.

José Roberto Ribeiro Brandão

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