"É minha inspiração, mesmo. Inspiração pura. Ouvi e continuo ouvindo muito Marinês, a representante fiel da nossa música popular nordestina. Era um ser incrível”.
O depoimento foi concedido a imprensa paraibana pela cantora e instrumentista paraibana Sandra Belê, referindo-se à importância de Inês Caetano de Oliveira, nome de batismo da saudosa artista pernambucana, que ficou famosa com o grupo Marinês e sua Gente, considerada a Rainha do Forró.
Muitos pensam que Marinês nasceu na Paraíba, mas é um erro histórico. Marinês é Pernambucana, nascida em São Vicente Férrer, no dia 16 de novembro de 1935. Ainda criança foi morar na Paraíba, em Campina Grande.
Nesta quinta-feira 14, fãs e amigos, pesquisadores e estudiosos da vida e obra da cantora celebram 13 anos da morte, ocorrida em 2007, aos 71 anos de idade da cantora. Na época do falecimento, o então ministro da Cultura, o cantor e compositor baiano Gilberto Gil, divulgou uma nota em homenagem, na qual a considerava como a “nossa Maria Bonita da música nordestina”.
Em vida o Rei do Baião, Luiz Gonzaga, conterrâneo da artista, chegou a conferir para ela o título de Rainha do Xaxado. E, também, passou a ser chamada, naturalmente de forma carinhosa de “Luiz Gonzaga de saias” pelo próprio Gonzagão.
Marinês iniciou sua carreira como cantora de forró nos anos 1950 ganhando espaço no mercado nacional como a “Rainha do Xaxado”, imagem que marcou o seu vínculo com a cultura nordestina. A partir do título e das indumentárias usadas nos shows passou a ser representante de sua região de origem, ajudando a divulgar a cultura e a música do Nordeste no mercado nacional.
Mesmo mantendo a vertente do forró tradicional podemos dizer que Marinês nos 50 anos de carreira acompanhou a modernidade e a exigência do mercado interpretando outros ritmos que vão do carimbó ao romântico, sem esquecer é claro, o seu estilo predominante, o forró. No início da carreira apresentava-se de vestido simples, mas por orientação do seu padrinho Luiz Gonzaga mudou a vestimenta caracterizando-se como símbolo da cultura popular do Nordeste.
Em contato com a reportagem da redeGN, a professora Tereza Batista, que é fundadora do Memorial Marinês, em Campina Grande, Paraíba, disse que se não fosse o período do isolamento social, hoje aconteceria mais um tributo com a participação de artistas como vinha, mesmo com as dificuldades, acontecendo. Marinês tamanho o talento foi uma das poucas cantoras a gravar no mesmo estúdio destinado a Roberto Carlos. "Era uma voz única. Alcançava as mais difíceis notas. Venceu o machismo e os preconceitos. Tem lugar de destaque na história", aponta Tereza.
“Marinês deixou um legado, um patrimônio cultural muito rico. Voz única. Foi uma mulher revolucionária para sua época", disse professora Tereza.
A Rainha do Forró e do Xaxado que, no ano de 2003, havia se submetido à cirurgia para implante de uma ponte de safena, faleceu em 14 de maio de 2007, em decorrência do segundo AVC (acidente vascular cerebral).
Marinês é tema do mestrado em Literatura e Interculturalidade, autoria Claudeci Ribeiro Silva, Universidade Estadual da Paraiba. "Marinês gravou com Dominguinhos, Elba Ramalho, Lenine, Nando Cordel, Gilberto Gil, Zé Ramalho, Genival Lacerda e com Luiz Gonzaga. Nos seus vários anos de carreira nunca perdeu o prestígio, apesar de ter se distanciado das gravadoras e do palco várias vezes. Os modismos e os novos ritmos desviaram a atenção do público, mas a ‘‘Rainha do Xaxado’’, nunca teve seu brilho diminuído. Quando morreu em 14 de maio de 2007, tinha uma carreira consolidada, pois seu trabalho atravessou barreiras e foi reconhecido e
apreciado por um público de todas as idades e pela mídia local e nacional", relatou Claudeci.
O jornalista, Mauro Ferreira, que escreve sobre música desde 1987, com passagens em 'O Globo' e 'Bizz', afirma que Marinês é a principal voz feminina do universo musical brasileiro antes da explosão de Elba Ramalho na década de 1980.
Entre os inúmeros sucessos, o repertório de Marinês consta as músicas Peba na pimenta (João do Vale, José Batista e Adelino Rivera, 1957), música lançada por Marinês em gravação que deu impulso à carreira da cantora, alémde Deu cupim no nosso amor (Rossini Pinto, 1972), música lançada por Marinês há 50 anos e desde então nunca mais gravada e Disparada (Geraldo Vandré e Theo de Barros, 1966), música gravada por Marinês no mesmo ano em que a composição ganhou projeção nacional ao ser apresentada na voz de Jair Rodrigues (1939 – 2014) e Aquarela Nordestina.
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