(Imagens que lembram o mundo da Fantasia e o Presidente na manifestação, do último dia 03/05)
Está se tornando extremamente estafante para a população brasileira, vítima direta dos graves efeitos econômicos e emocionais do isolamento social, ter de ficar em casa inquieta por encontrar alternativas para preencher o tempo ocioso, bem como imaginar formas criativas para gerar as rendas necessárias a assegurar a sobrevivência da família.
É inquestionável que as medidas emergenciais criadas pelo governo funcionam como importantes paliativos, nunca a solução para todas as necessidades de uma família. Principalmente, porque é necessário saúde acima de tudo!
Nessa busca incessante, cada qual define a sua nova estratégia de vida. Uns passam a ajudar nos afazeres domésticos para compensar a solidão e ajudar a patroa; outros leem livros, talvez incorporando ao cotidiano coisa que não faziam antes; outros mais criam a opção denominada de “home office”, ou seja, a transferência dos trabalhos para execução no recôndito do lar, uma vez que as restrições impostas pela Pandemia suspenderam o andamento de todas as atividades econômicas externas. Outros tantos, sem melhor opção, priorizam acompanhar nos vários canais de Televisão uma massacrante jornada diária de notícias, navegando entre verdades e mentiras de todos os matizes sobre a grave crise do COVID-19, além da ampla e desequilibrada querela política que aí está.
Foi impressionante ver o quanto a grande maioria dos países afetados pelo vírus, deu ao mundo um exemplo edificante de união e concentração de esforços no combate ao COVID-19. Diferentemente do que ocorreu no âmbito externo, nós estamos vivenciando aqui uma das maiores crises políticas dos últimos tempos, em paralelo a uma Pandemia que já infectou a 145.328 e tirou a vida de 9.897 brasileiros (até 08/05). Enquanto a tragédia causa dor a tantas famílias, o Presidente da República faz ironia e debocha para dizer, nessa última sexta-feira, que iria fazer um churrasco para 3.000 pessoas no Palácio da Alvorada (Correio Braziliense) desprezível e baixa postura.
É mais que natural a insatisfação crescente entre aqueles que ajudaram a construir o projeto de mudança. Certamente que esse visível grau de frustração não irá estimular, jamais, qualquer ponta de reflexão no Presidente, que possa conduzi-lo a buscar uma sintonia entre as ações de governo e aquilo que ele fala. Como obter a devida credibilidade e reciprocidade de aprovação por parte da população, se os Ministros falam uma coisa e o Chefe, imediatamente, fala outra diametralmente oposta?
Estamos vivendo uma realidade tão distorcida que, às vezes, imaginamos que houve um terrível equívoco e trocaram os eleitos no ato de posse, declarando empossado como Presidente do Brasil aquele que seria o Presidente do Mundo da Fantasia! E, ao que parece, nesse seu mundo irreal não existe Pandemia, mortes, isolamento social, uso de máscaras ou qualquer restrição quanto a evitar aglomeração, apertos de mão, beijos faciais, etc. Lá existe uma filosofia muito simples para encarar um tal de Coronavírus, diante do conceito expresso pelo próprio Presidente: “Alguns vão morrer. É a vida!”. Como se pretendesse evocar um certo sentimento de imortalidade!
O cenário nacional se desenha preocupante, porque a ciência médica está a antever que o pico da presença do vírus no Brasil está sinalizado entre o final de maio e o mês de junho. Diante desse agravamento, não era de se imaginar a existência de pessoas que questionam a razoabilidade da exigência do isolamento e distanciamento social, e que até mesmo negam a veracidade do problema, insinuando de que estamos diante de uma PANDEMIA POLÍTICA! É o conflito das ideias de alguns contra o resto do mundo, sem nexo e irracional!
Não há dúvidas de que existem aqueles mal intencionados no país, que politizaram a crise e dela pensam em tirar algum proveito. Mas, negar uma tragédia MUNDIAL que já matou mais de 260.000 vidas, é algo que configura falta de sensibilidade, e chega a ser irresponsável e desumano, além de não combinar com o povo brasileiro, tido e reconhecido como solidário e humanitário.
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público - Aposentado do Banco do Brasil – Salvador – BA.
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