Uma regra universal inquestionável, é o princípio básico de que os filhos buscam o aprendizado na firmeza de atitudes e caráter ilibado, desde a tenra idade, no modelo que está sempre ao seu lado e os acompanham nos passos iniciais da longa caminhada da vida: OS PAIS.
Daí em diante o processo se expande e ganha contornos mais amplos ao lado dos valorosos mestres escolares, responsáveis por moldar a formação da criança e do jovem com os recursos da alfabetização e do conhecimento, consolidando, assim, os valores e princípios da estrutura moral do novo adulto que chega para a vida.
É importante lembrar a frase do escritor americano H. Jackson Brown: “Viva de tal modo que quando seus filhos pensarem em justiça, carinho e integridade, pensem em você”.
Em paralelo a todo esse ciclo de construção e moldagem de uma personalidade, não se pode perder de vista as influências externas gratuitas, que tanto podem ser positivas como negativas na consolidação do caráter modelar pretendido pelos pais para os seus filhos. Nada mais inspirador para uma população ou grupo do que ver no seu líder um exemplo a ser seguido, pela firmeza, consistência e comedimento, não somente nas ações, como também nas palavras. Infelizmente, não é sempre que se vislumbra esse perfil no cenário real.
Em termos práticos, é exatamente na gravidade das crises que se conhece a competência e o nível adequado de postura exigido no verdadeiro líder, seja no comando de uma empresa ou na gestão de um Município, do Estado ou da Nação. Equilíbrio, sensatez, prudência e responsabilidade, são qualidades que não podem faltar no líder autêntico. Principalmente quando a sociedade está submissa aos efeitos impactantes e fatais de uma tragédia natural, e a vida parece perder o valor, é o exato momento em que o cidadão espera encontrar forças na confiança depositada nos seus dirigentes, que devem ter senso e conhecimento em gestão de crise. Afinal, eles são escolhidos para ter sabedoria nos bons e nos maus momentos.
É de se lamentar que ao lado do elevado número de mortes pelo COVID-19, também os verdadeiros heróis desta hora trágica, os médicos e enfermeiros, estejam perdendo a batalha ao sacrificar as suas vidas pelo amor e dedicação no socorro aos cidadãos atingidos pelo vírus que chegam aos montes nos hospitais. Causa enorme abatimento geral testemunhar-se que, em paralelo a tudo isso, desenvolve-se um desequilibrado e insensato debate político entre os Poderes da República, como se ao seu redor nada de grave estivesse acontecendo no país!
O que o Brasil e o Mundo assistiram no último dia 19/04, em Brasília, foi um deplorável desprezo pela vida de 3.700 brasileiros mortos pelo coronavírus e 197.000 em todo o mundo, até a manhã deste sábado! Enquanto famílias choram, milhões passam fome, cientistas perdem noites em pesquisa por uma vacina que salve o mundo, o Presidente da República comparece a uma ignóbil e desproposital manifestação de caráter populista e antidemocrática, realizada por apoiadores pela volta da Ditadura e exibindo faixas pedindo a intervenção militar e contra as Instituições republicanas (STF e Congresso Nacional). Ora, se o Presidente comparece ao movimento cheio de sorrisos e gestos de solidariedade, e sobe numa caminhonete para discursar em apoio aos manifestantes, quem cala consente! Não vejo razoabilidade ou qualquer coerência em negar na manhã do dia seguinte “que esteja conspirando contra os outros Poderes da República, que defende a democracia e respeita a Constituição”. É brincar com a inteligência dos brasileiros, Presidente!
Já que tive a infelicidade de ser chamado de “esquerdista” (que não sou!) por um partidário do Presidente, em comentário à crônica, acho relevante esclarecer-lhe que fazer uma opção no processo eleitoral pela mudança e interrupção das práticas nefastas aos interesses nacionais, então vigentes, não me faz abrir mão do direito de ser imparcial, aplaudindo as medidas que julgo acertadas e repudiando as posturas antidemocráticas ou ridículas no exercício do cargo, como tem acontecido com frequente regularidade.
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público - Aposentado do Banco do Brasil – Salvador – BA.
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