A BA 220 no trecho em que liga Euclides da Cunha a Monte Santo reviveu um personagem que estava desaparecido das estradas brasileiras pelo menos desde 2004, portanto, há 16 anos: o rapaz ou senhora ou idoso, chapéu ou boné, pá, retirando terra da margem da estrada e jogando nos buracos do asfalto.
Para quem estava desacostumado ou para tantos que nem lembram mais que essa personagem existia em todas as estradas do Brasil, é um choque. A BA 220 revive a miséria e a buraqueira, como se nos 38 quilômetros de Euclides a Monte Santo a viagem fosse também no tempo.
Euclides da Cunha tem um deputado federal: José Nunes, que levou 43% dos votos e Monte Santo tem um deputado estadual: Laerte de Vando, que levou 44%. Laerte é oposição à Rui e não muito benquisto, a essa altura depois de dois anos do primeiro mandato, nem pelos seus eleitores.
Então José Nunes resolve. E porque não resolveu? Míseros 38 quilômetros de estrada? Não teve coragem de pedir a Rui? Não consegue falar na presença do Senador do partido dele, Oto, O Grande? Ou (e isso deve estar mais próximo da verdade), não tem o mínimo interesse na melhoria nas condições de vida da população que mora e ou necessita trafegar pela BA 220.
Enquanto os dois dormem o sono esplêndido daqueles em paz com a própria ignorância e desinteresse, o jovem, sob o sol, boné e pá, terra e poeira, centavos atirados no que resta de asfalto quente, festeja a única e degradante forma de trabalho e renda ao seu alcance.
Bem-vindos ao passado passantes e passageiros da BA 220.
© Copyright RedeGN. 2009 - 2024. Todos os direitos reservados.
É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do autor.