Em pronunciamento transmitido em rede nacional na noite de ontem quarta-feira (9), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) defendeu novamente a volta das pessoas ao trabalho e o uso da hidroxicloroquina no tratamento de pacientes com o novo coronavírus no Brasil.
Não há estudos que comprovem a eficiência da substância no combate à Covid-19. Por isso, a hidroxicloroquina ainda não é aceita mundialmente como um método de tratar a doença.
O presidente afirmou ainda que o governo brasileiro receberá até este sábado matéria-prima para a produção de mais hidroxicloroquina, em acordo comercial com a Índia. "Agradeço ao primeiro-ministro Narendra Modi e ao povo indiano por essa ajuda tão oportuna ao povo brasileiro", disse.
Como tem feito desde a chegada do novo coronavírus ao Brasil, Bolsonaro voltou a defender o retorno das pessoas ao trabalho. O presidente contraria recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) e sugere o chamado "isolamento vertical", no qual apenas quem estiver no grupo de risco (idosos e pessoas com doenças crônicas) deve ficar em casa. Por outro lado, o Ministério da Saúde recomenda um confinamento mais abrangente, para evitar a disseminação da doença e uma consequente sobrecarga no sistema de saúde nacional.
"Tenho certeza de que a grande maioria dos brasileiros quer voltar a trabalhar. Esta sempre foi minha orientação a todos os ministros, observadas as normas do Ministério da Saúde", disse o presidente, que ainda citou prefeitos e governadores como responsáveis por determinar medidas de isolamento em estados e município.
"Respeito a autonomia dos governadores e prefeitos. Muitas medidas de forma restritiva ou não são de responsabilidade exclusiva dos mesmos. O governo federal não foi consultado sobre sua amplitude ou duração. Espero que brevemente saiamos juntos e mais fortes, para que possamos melhor desenvolver o nosso país.", disse.
Bolsonaro voltou a tirar do contexto uma declaração do diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, a exemplo do que havia feito há uma semana. "Como afirmou o diretor da Organização Mundial de Saúde, cada país tem suas particularidades. Ou seja, a solução não é a mesma para todos. Os mais humildes não pode deixar de se locomover para buscar o seu pão de cada dia. As consequências do tratamento não podem ser mais danosas do que a própria doença. O desemprego também leva à pobreza, à fome e à miséria. Enfim, à própria morte", disse o presidente.
Leia, na íntegra, o pronunciamento de Bolsonaro:
Vivemos um momento ímpar em nossa história. Ser presidente da República é olhar para um todo, e não apenas as partes. Não restam dúvidas de que o nosso objetivo principal sempre foi salvar vidas. Gostaria, antes de mais nada, com as famílias que perderam os seus entes queridos nesta guerra que estamos enfrentando. Tenho a responsabilidade de decidir sobre as questões do país de forma ampla, usando os ministros que escolhi para conduzir o destino da nação. Todos devem estar sintonizados comigo. Sempre afirmei que tínhamos dois problemas a resolver: o vírus e o desemprego, que deveriam ser tratados simultaneamente.
Respeito a autonomia dos governadores e prefeitos. Muitas medidas de forma restritiva ou não são de responsabilidade exclusiva dos mesmos. O governo federal não foi consultado sobre sua amplitude ou duração. Espero que brevemente saiamos juntos e mais fortes, para que possamos melhor desenvolver o nosso país. Como afirmou o diretor da Organização Mundial de Saúde, cada país tem suas particularidades. Ou seja, a solução não é a mesma para todos. Os mais humildes não pode deixar de se locomover para buscar o seu pão de cada dia. As consequências do tratamento não podem ser mais danosas do que a própria doença. O desemprego também leva à pobreza, à fome e à miséria. Enfim, à própria morte. Com esse espírito, instruí meus ministros.
Após ouvir médicos, pesquisadores e chefes de estado de outros países, passei a divulgar, nos últimos 40 dias, a possibilidade do tratamento da doença desde a sua fase inicial. Há pouco, conversei com o doutor Roberto Kalil. Cumprimentei-o pela honestidade e o compromisso com o juramento de Hipócrates ao assumir que não só usou a hidroxicloroquina, bem como como a ministrou para dezenas de pacientes. Todos estão salvos. Disse-me mais: que mesmo não tendo finalizado o protocolo de testes, ministrou o medicamento agora para não se arrepender no futuro. Essa decisão poderá entrar para a história como tendo salvo milhares de vidas no Brasil. Nossos parabéns para o doutor Kalil.
Temos mais boas notícias. Fruto de minha conversa direta com o primeiro-ministro da Índia, receberemos até sábado matéria-prima para continuarmos produzindo a hidroxicloroquina, de modo a podermos tratar pacientes da Covid-19, bem como malária, lúpus e artrite. Agradeço ao primeiro-ministro Narendra Modi e ao povo indiano por essa ajuda tão oportuna ao povo brasileiro.
A partir de amanhã, começaremos a pagar os R$ 600 de auxílio emergencial para apoiar trabalhadores informais, desempregados e microempreendedores durante três meses. Concedemos, também, a isenção do pagamento da conta de energia elétrica aos beneficiários da tarifa social por três meses, atendendo a mais de 9 milhões de famílias que têm suas contas de até R$ 150.
Disponibilizamos 60 bilhões via Caixa Econômica Federal destinados a micro, pequenas e médias empresas e à construção civil. Os beneficiários do Bolsa Família, que são quase 60 milhões de pessoas, também receberão o abono complementar do auxílio emergencial. Autorizamos, ainda, para junho um saque de até R$ 1.045,00 aos que têm conta vinculada ao FGTS. Repatriamos mais de 11 mil brasileiros que estavam no exterior, num esforço capitaneado pelo Itamaraty, Ministério da Defesa e Embratur. Tenho certeza de que a grande maioria dos brasileiros quer voltar a trabalhar. Esta sempre foi minha orientação a todos os ministros, observadas as normas do Ministério da Saúde.
Quando deixar a presidência, pretendo passar ao meu sucessor um Brasil muito melhor do que aquele que encontrei em janeiro do ano passado. Sigamos João 8:32: ‘Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará’. Desejo a todos uma Sexta-Feira Santa de reflexão e um feliz Domingo de Páscoa. Deus abençoe o nosso Brasil.
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