Cantor Alan Cleber lança alerta e campanha: "a arte está em silêncio!"

01 de Apr / 2020 às 19h45 | Coronavírus

O impacto do fechamento de cinemas, restaurantes, casas de festas, bares, academias, shopping centers e outras atividades públicas em decorrência da pandemia de Covid-19 não tem sido sentido apenas pelos empresários, funcionários e clientes desses locais. 

Uma longa cadeia da música, formada por cantores, compositores, gravadoras e produtores, também é afetada neste momento, principalmente com o fechamento de bares, restaurantes e casas de shows. Em Juazeiro e Petrolina é grande o número de músicos, trabalhadores que ganham a vida através dos palcos e apresentações artísticas usando a voz.

Na região do Vale do São Francisco e norte da Bahia, o cantor Alan Cleber lançou um alerta: a "arte está em silêncio! As vozes se calaram! Os ritmos perderem a cadência! Não existe vida sem música, e nós, que fazemos a vida ser mais alegre, estamos sem luz, sem palco, sem voz...E quem será por nós? Como vamos sobreviver? São perguntas, até então sem respostas! Precisamos saber! Precisamos viver! Precisamos cantar! Quem irá nos responder? Quem irá nos ajudar? Quem irá soltar ESSA VOZ PRESA"?

O ex-vereador, radialista Paulo Cesar Andrade Carvalho, declarou que o problema é muito sério e que deve ser resolvido. "Eu acho que as prefeituras tem de cadastrar os artistas e considerá-los autônomos a fim de que recebam os benefícios federais e as prefeituras que puderem fazem um acréscimo no montante a ser pago a esses profissionais", declarou Paulo Cesár.

Ao imaginar o pior cenário, de uma quarentena de quatro meses, a previsão de queda feita pelo Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad) é brutal: 140 milhões de reais deixarão de ser arrecadados.

Centenas de compositores, em sua maioria poetas, terá queda do recebimento de direitos autorais, verba paga aos artistas pela execução pública de suas obras nesses estabelecimentos.

“É um dinheiro que não será recuperado nunca mais”, disse a superintendente executiva do Ecad, Isabel Amorim. “No caso dos shows, alguns serão remarcados para outras datas. Porém, não haverá uma nova reprodução pública da música em outra data. Se não tocou, não tem direito autoral para pagar”, diz.

Por outro lado, os artistas continuam ganhando o pagamento de direitos autorais vindos de outras fontes, como rádios, televisões e plataformas digitais. “Esse pagamento nunca foi tão importante para a música, já que quase todas as outras fontes de renda dos artistas foram comprometidas.”

A luz no fim do túnel para o mercado de shows é a esperança de que ele se estabilize ainda este ano. De acordo com o levantamento do Ecad, entre os meses de março e maio de 2019, foram contabilizados 6.600 shows e eventos por mês em todo o país, equivalente à arrecadação média de 11,3 milhões de reais em direitos autorais. Valor semelhante deixará de ser arrecado neste ano somente nestes segmentos. Durante todo o ano de 2019 foram distribuídos 986,5 milhões de reais para 383.000 compositores.

Redação redeGN

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