O caminhoneiro Gildemar José da Silva é desses motoristas responsáveis pela maior parte do transporte de cargas e mercadorias nas rodovias do Brasil.
Nascido em Juazeiro (BA), criado em Queimada Nova (PI), e residente em Petrolina (PE), desde os 10 anos de idade, é o resumo da vida de quem tem o destino para viver na estrada. Ele caminha para completar 20 anos de profissão de motorista cruzando o país de norte a sul. Literalmente Gildemar "mora viajando pelos estados brasileiros".
Em contato com a reportagem da redeGN, Gildemar relata as grandes dificuldades para fazer chegar os produtos básicos à mesa do brasileiro em função da restrição de atividades e serviços, imposta em vários estados desde que foi decretado estado de pandemia devido o coronavírus.
Com exclusividade, a redação fez contato com o caminhoneiro e obteve a informação dos problemas como restaurantes fechados nas estradas e falta de apoio nos postos que assegurem a manutenção do transporte de cargas.
“Caminhoneiros pedem socorro. Entre eles, os caminhoneiros que transportam o Brasil nas costas. O coronavírus agravou a situação, o comércio fechado nas estradas, postos cobrando caro e restringindo o acesso. Como os alimentos chegarão aos supermercados e na mesa do brasileiro?”, questionou, Gildemar.
Gildemar propões a união dos poderes políticos e judiciais para garantir aos caminhoneiros infraestrutura nas rodovias e estradas. "São pontos de apoio, locais de descanso, restaurantes para refeições, segurança sanitária”.
Em viagem para São Paulo, Gildemar disse que falta apoio nos postos que não oferecem produtos básicos de higienização e cuidados como álcool em gel, banheiros e produtos de limpeza e a inexistência desse suporte nos pontos onde há carregamento e descarregamento de cargas. Restaurantes, borracharias e até mesmo fazendas e locais para abastecer o caminhão e transportar os produtos estão fechando em razão do novo coronavírus.
"Eu tenho minha cozinha no caminhão. Quem tem uma cozinha no caminhão, onde consegue encontrar um supermercado, se encontrar, faz uma feira, coloca na sua caixa de cozinha e vai se virando na estrada. Mas quem não tem cozinha, não sei nem como está fazendo. Porque você não encontra mais restaurante aberto. Não encontra borracharia. As farmácias já não têm mais álcool em gel e máscara para vender. E em muitas situações, ficam 300, 400 caminhoneiros desprotegidos, em um único ponto, aguardando o carregamento ou descarregamento, todos aglomerados. Um grande risco. Não temos assistência de nada", afirmou Gildemar.
Esta semana em reunião no Congresso, o senador Major Olimpio (PSL-SP) sugeriu que os caminhoneiros fiquem isentos da taxa de pedágio cobrada por concessionárias em alguns estados.
“Nós precisamos dar condições para os caminhoneiros. Eles nunca puderam parar, e precisam de nós. Nossa mobilização não vai parar! É preciso que reduza ou os isente dos valores de pedágios. Propus isso, além de ponto de apoio em todas as praças, com banheiros e álcool em gel”, defendeu em suas redes sociais.
Durante reunião com secretários de transporte dos estados nesta semana, a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, informou que o governo está atento às demandas da categoria. Segundo ela, as ações da pasta estão sendo direcionadas para a assistência aos caminhoneiros oferecendo todas as condições para que eles mantenham suas atividades com segurança e saúde.
"A gente tem uma preocupação com os caminhoneiros, que são fundamentais para o agronegócio. Nós não conseguimos rodar sem eles. Nossa preocupação é que eles tenham pontos para abastecer, para comer, postos que possam atender quem tiver problemas de saúde", enfatizou a ministra.
Para reforçar o apoio aos caminhoneiros, governadores como o da Bahia, Rui Costa e do Maranhão, Flávio Dino, publicaram decretos para manter os comércios, restaurantes, postos, farmácias e borracharias em pleno funcionamento nas estradas.
Já o senador Lasier Martins (Podemos-RS) solicitou ao governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, que o estado também altere o texto do decreto estadual de calamidade pública para manter abertas as oficinas mecânicas e lojas de peças voltadas a caminhões.
“O governador me prometeu ajustar o decreto de modo a garantir o funcionamento desses estabelecimentos neste momento de extrema necessidade para impedir qualquer transtorno na distribuição de artigos de primeira necessidade”, informou.
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