Ano eleitoral para os 5.570 municípios brasileiros. O que representa, para alguns profissionais de comunicação, oportunidades de trabalho; para outros, que estão nas redações, um desafio diante de inúmeros artifícios que especialistas na área política (marqueteiros, assessores de imprensa e publicitários) devem utilizar em 2020.
Pouco foi falado sobre a guerra híbrida com foco na comunicação, artifício que podemos identificar em vários momentos, aqui mesmo, no Brasil, com verdadeiras batalhas virtuais por meio do disparo de informações falsas. Estrategicamente, cria-se, assim, um meio propício para que surja a figura do “solucionador”.
Esse dado torna-se interessante e requer um olhar mais apurado quando analisamos pesquisa realizada por uma empresa de Londres, a GlobalWebIndex, responsável pelo estudo do tempo que usuários gastam com redes sociais em todo o mundo. Nela, o Brasil aparece em segundo lugar no ranking.
De acordo com os dados apresentados em 2019, o brasileiro passa, em média, 3 horas e 25 minutos por dia nas redes sociais.
Em contrapartida, uma pesquisa encomendada pelo Google e realizada pela Provokers, em 2019, revela que o brasileiro consome mais vídeo online do que assiste à TV aberta.
Atualmente, o público a ser cativado pelos candidatos não está mais em meios midiáticos tradicionais. As eleições de 2018 já mostraram isso e tanto a imprensa tradicional quanto marqueteiros renomados não souberam elaborar estratégias de contra-ataque a uma guerra híbrida que ocorreu naquelas eleições. Não por falta de talento, mas por não compreender o que estava acontecendo.
Vivemos na web 2.0 das redes sociais, que, para comunicar-se com grupos distintos, utiliza-se do big data para conhecer desejos, sonhos, preferências, medos e por aí vai. Os grandes e tradicionais formadores de opinião pública foram substituídos por plataformas tecnológicas. O perigo está em como essa estratégia está sendo utilizada. Nunca se fez tão necessário um jornalismo sério e investigativo para desmontar narrativas falsas.
A comunicação dissonante, que cria atmosferas e polaridades, está aí, ganhando espaço e desmontando redações. Entre os objetivos, o maior dessa guerra híbrida instalada no país é tirar a credibilidade dos veículos de imprensa.
Durante as eleições municipais de 2020, publicitários e marqueteiros políticos devem estar atentos e rodear-se de bons jornalistas, profissionais preparados para lutar contra a desinformação. A tradicional publicidade não funciona mais. Quem acredita que o jornalismo está acabando ainda não vislumbrou que seu enfraquecimento mostra, na verdade, a solução para vencer a guerra híbrida na comunicação.
*Rennata Bianco é jornalista
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