Um dia depois de a OMS (Organização Mundial da Saúde) ter declarado que existe uma pandemia de coronavírus no mundo, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) cancelou uma viagem a Mossoró (RN) devido à avaliação de seus auxiliares de que, no atual quadro, é necessário evitar exposições em ambientes com risco de contaminação.
Segundo relataram interlocutores à reportagem, Bolsonaro foi aconselhado que tanto o deslocamento em aeronave quanto o ato em si nesta quinta-feira (12) -num ambiente com aglomeração- seriam problemáticos no cenário de avanço da doença. Também participariam do evento em Mossoró os ministros Sergio Moro (Justiça), Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) e Tereza Cristina (Agricultura). O ato foi cancelado e os ministros tampouco viajarão ao Rio Grande do Norte.
Marinho publicou em suas redes sociais uma mensagem em que diz que a cerimônia de entregas no estado teve que ser adiada por "razões de segurança sanitária".
"Infelizmente tivemos que adiar este nosso encontro em função de razões de segurança sanitária. A decretação ontem pela OMS de uma pandemia mundial [de coronavírus] nos obriga a ter uma maior segurança com a figura do presidente da República e com as pessoas que estão no seu entorno", disse o ministro.
Ainda segundo Marinho, Bolsonaro também permanecerá em Brasília para se debruçar sobre as negociações do Orçamento, que está em discussão no Congresso Nacional.
De acordo com o último boletim, divulgado no fim da tarde desta quarta (11) pelo Ministério da Saúde, o Brasil já soma 69 pessoas infectadas pelo coronavírus. O governo de Pernambuco confirmou, na manhã desta quinta (12), dois primeiros casos da nova enfermidade no Estado. No Nordeste, havia quatro casos já confirmados: três na Bahia e um em Alagoas. Em declarações recentes, Bolsonaro já minimizou a crise do coronavírus.
"Durante o ano que se passou, obviamente, temos momentos de crise. Muito do que tem ali é muito mais fantasia, a questão do coronavírus, que não é isso tudo que a grande mídia propaga. Alguns da imprensa conseguiram fazer de uma crise a queda do preço do petróleo", afirmou o presidente na terça-feira (10), durante viagem aos Estados Unidos.
"Obviamente a queda drástica da Bolsa de Valores no mundo todo te m a ver com a queda do petróleo que despencou, se não me engano, 30%", declarou Bolsonaro, na segunda (9). "Tem a questão do coronavírus também que, no meu entender, está superdimensionado, o poder destruidor desse vírus. Então talvez esteja sendo potencializado até por questão econômica, mas acredito que o Brasil, não é que vai dar certo, já deu certo", acrescentou, no mesmo dia.
Na quinta, ao chegar ao Palácio da Alvorada, Bolsonaro foi novamente questionado sobre o assunto. "Vou ligar para o [ministro da Saúde, Luiz Henrique] Mandetta. Eu não sou médico, não sou infectologista. O que eu ouvi até o momento [é que] outras gripes mataram mais do que esta", declarou.
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