Os mercados financeiros vivem nesta segunda-feira (9) a perfeita definição de dia de pânico. O dólar dispara, apesar da intervenção do BC (Banco Central). O risco-país tem alta recorde. Os juros futuros sobem. A Bolsa brasileira abriu em forte queda, atingindo rapidamente uma retração de 10%.
Esse é o nível para que se acione o chamado circuit breaker, que leva à suspensão do pregão. É o primeiro circuit breaker desde o episódio conhecido como Joesley Day, em maio de 2017. A suspensão inicial é de meia hora. Após a pausa de 30 minutos, o Ibovespa retomou as negociações em queda de 9,5% por volta das 11h20, a 88.723 pontos. As ações da Petrobras caem cerca de 21%.
As notícias de que há risco de a economia desandar e o receio de que manifestações do próximo domingo sejam esvaziadas levaram o presidente Jair Bolsonaro a, mais uma vez, defender os atos programados para 15 de março. As falas do presidente, de que está com “uma faca no pescoço”, e do general Augusto Heleno, de que há uma “resistência muito grande ao Brasil estar dando certo” e de que há uma “rede de corrupção”, foram vistas por analistas como uma “vacina” diante do que está por vir –– um cenário em que a economia mundial pode caminhar para uma recessão devido aos impactos do novo coronavírus levando o Brasil junto e, consequentemente, derrubando os preços dos ativos.
As declarações foram feitas em Boa Vista, numa escala do voo presidencial em Roraima, antes de seguir para os Estados Unidos, onde Bolsonaro cumpre intensa agenda. O presidente defendeu os atos, dizendo que não são contra o Congresso e nem contra o Judiciário, mas, sim, pró-Brasil. Acrescentou que quem tem medo de rua não serve para ser político. Criticou “pessoas” que não pensam no Brasil, só nelas. Entretanto, não deu nomes. A fala fez aumentar a tensão entre os poderes, porque, nas redes sociais, muitos apoiadores se referem ao movimento de 15 de março como algo contra o Legislativo e contra o Judiciário.
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