Clientes de um correspondente bancário, estabelecimento que recebe pagamento de boletos, relatam que pagaram as contas de luz, água e até cartão de crédito no local mas os valores pagos não foram repassados para as empresas. O caso ocorreu em Juazeiro, no norte da Bahia.
Conforme contam os clientes, os pagamentos não foram repassados para as empresas e com isso, cobranças de juros e até avisos de corte em serviços como água e luz, estão chegando na casa deles. O caso é investigado pela Polícia Civil.
As pessoas denunciaram na delegacia terem sido vítimas de um golpe. Apesar da atuação policial, eles ainda fizeram um grupo em um aplicativo de conversas, para tentar resolver o problema com o dono do correspondente bancário, mas o homem não gostou de ser cobrado.
Em um dos áudios, enviado por meio do aplicativo de celular, o homem disse: "Se você tiver paciência, o dinheiro vai chegar amanhã, entendeu? Em vez de estar pressionando, por que não vai fazer uma oração e pedir pra Deus abençoar que venha mesmo?"
O dono do correspondente bancário se identificou apenas como Gil e disse não querer a identidade dele divulgada pois está sendo ameaçado. Ele nega que esteja com qualquer dinheiro dos clientes e diz que a culpa do problema é da empresa responsável pelo sistema de pagamento.
"Eu questionei, desde o primeiro problema que ocorreu e como é que vai ficar isso? Não, a gente vai encaminhar pro setor financeiro pra tá resolvendo e em até 48h a gente vai tá podendo lhe dar um retorno e esse retorno nunca chega”, disse o homem.
Por meio de nota, a empresa apontada pelo homem como responsável pelo sistema de pagamento informou que o registro de agente apresentado no suposto comprovante de pagamento não pertence a base de dados da empresa, que sua imagem foi usada de forma indevida e está tomando medidas judiciais pertinentes em caso de suposta fraude.
Relatos das vítimas
A confeiteira Rosimeire da Silva Lima é uma das pessoas que está com dívidas após fazer o pagamento no correspondente bancário do suspeito, em Juazeiro. Ela relata que, no local, pagou quase R$ 2,5 mil referente a parcela de um empréstimo.
O problema é que como o dinheiro que ela pagou não foi repassado para a empresa, a instituição entende que ela está em dívida e a parcela já passa dos R$ 3 mil.
"Foi paga em dia. Eu sempre pago no banco, mas nesse dia eu estava com pressa e paguei lá mesmo", conta.
O correspondente bancário começou a funcionar desde o fim de novembro de 2019. Neste mês de fevereiro o ponto não está mais aberto e em operação.
O comerciante Cláudio Cassimiro está enfrentando problema semelhante ao de Rosimere. Ele ficou com um prejuízo de quase R$ 800 em duas contas de energia. Indignado com a situação, ele foi até a polícia.
"Fomos na delegacia, solicitamos uma viatura, levaram ele, ficamos com ele lá de meio-dia até cinco horas da tarde, a gente dando depoimento da gente, fazendo boletim de ocorrência", contou.
Na delegacia, o dono do correspondente bancário foi ouvido, mas liberado em seguida. Segundo a Polícia Civil, não havia flagrante, nem mandado de prisão para manter ele preso. A polícia disse ainda que o caso segue sendo investigado e está numa fase preliminar, de coleta de provas.
A funcionária pública Cátia Simone de Oliveira também está com dívida porque a conta que ela pagou não foi repassada para empresa e disse estar revoltada.
"Ele poderia estar passando pra gente segurança que está resolvendo o problema, no entanto ele não está", disse.
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