Felinto, Pedro Salgado, Guilherme e Fenelon colocaram nas mãos do índio os botões da informática querendo preparar, com raio laser, uma grande feijoada. Chamado para festa lá veio Sebastião com o paletó na mão e seu chapéu de sol aberto pelas ruas.
E um diabo louro faiscou na festa deles, todos sem saber se ela seria bela, mas desejando que tivessem o seu amor. A festa foi ficando frenética, e todos gritavam – quero ver novamente vassoura, na rua abafando, tomar umas e outras e cair no passo.
Mas tudo serenou quando chegou Maria Betânia, a senhora de engenho, que foi assim recebida por todos....manda embora essa tristeza, manda por favor, pois pode ser que essa tristeza mate o nosso amor.
Faz isso Maria que mandarei fazer um buquê com o brilho da estrela matutina, diga adeus menina, linda flor da madrugada, vem tu também meu filho, acorda Pedrinho, vem ver tua tia, o homem da noite, a mulher do dia, que eu vou cair no frevo que é de amargar, pois quem tem saudade não está sozinho, tem o carinho da recordação.
E a festa foi seguindo em preparação, e chamando, vem pessoal, vem moçada, a manhã já está surgindo e o sol clareia a cidade com seus raios de cristal. Faltavam alguns que não viriam, e não adiantaria chamar por Mario Melo, que partiu para a eternidade. Mas o fato é que todos diziam querer entrar na folia, meu bem.
E esse povo sabe lá o que é isso? Pois aqui tem atração que ninguém pode resistir. Então, deixa o frevo rolar com banho de cheiro, venham, roda, roda, roda e avisa que a alegria surgiu no ar. Pois quem não chegar sentirá saudade, saudade tão grande, e do que adiantará se o Recife estará tão longe?
Walfrido Cebola no passo e Haroldo Fatia Colaço chegarão já. Venham que teremos banho de cheiro, banho de lua e poderemos namorar. A terra vai tremer, o Galo vai passar, e será aquilo que ocorre quando o vento sopra a cabeleira, com as tranças todas vermelhas, não vai sobrar pedra sobre pedra, que é só aqui que tem que é só aqui que há.
Os olhos do cego, a voz do anão, a vida e o meu coração de leão estarão atentos, pois tudo será início, sem fim algum. Voaremos e, também, colocaremos asas na América. Daqui de Pernambuco da cana caiana, do verde imburana, do cajá, do mel.
Assim, quem quiser me ver, me procure aqui mesmo, quando chega o carnaval, seja noite ou dia, aqui tudo é alegria e alegria não faz mal. Direi sempre que ela é bela, bela sim senhor, pois o Recife mandou me chamar.
Alguns ouvirão que o mundo vai se acabar, então pode acabar tudo, enfim, mas deixem o frevo para mim. E seremos o Pierrot e a Colombina, confirmando a paixão pelo Pernambuco, pelo P de Portugal. Por Olinda, por Holanda, por Maurício de Nassau.
Pois nós de Pernambuco somos madeira, de lei, que cupim não rói. Somos do Recife e de Olinda com vontade de chorar. No final, teremos uma quarta-feira com Bloco das Flores, Andaluzas e Pirilampos.
E ainda teremos alguns dizendo que o bloco está dando adeus para nunca mais sair, e isso será, como sempre de fazer chorar, quando o dia amanhecer, no melhor da festa. Mas ao fim, o que diremos bem é que o Recife tem o carnaval melhor do meu Brasil.”
Rodrigo Pellegrino de Azevedo-Advogado
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