Maria de Lourdes Batista e Socorro. As duas já partiram para o "sertão da eternidade. Há 7 anos realizamos uma reportagem com as duas irmãs. Maria de Lourdes teve o privilégio de ganhar uma sanfona branca de Luiz Gonzaga.
Elas tinham um grupo e eram conhecidas como "As Irmãs Nordestinas". Elas conheceram Luiz Gonzaga, Rei do Baião e este ao contemplar a desenvoltura de uma interpretação de um choro sentenciou: "Vou presentear vocês com uma sanfona branca".
Em 2013 elas contaram que não foi executado um choro fácil. "Escolhi uma música difícil e Luiz Gonzaga logo disse que menina para fazer a sanfona falar, tocar. Tudo isto numa sanfona de 80 baixos". Choro é um gênero musical e geralmente exige do músico muito domínio de seu instrumento e uma apurada percepção de códigos e senhas que se encaixam em improvisos.
A palavra do Rei foi cumprida em 1984 quando Maria de Lourdes esteve em Exu e ganhou das mãos de Luiz Gonzaga, a sanfona branca. "E ainda ganhei um disco autografado", revela a sanfoneira "Lourdinha" como era conhecida em Petrolina e região.
Numa entrevista concedida em Caruaru, Pernambuco, Luiz Gonzaga citou As Irmas Nordestinas e a história de ter presenteado "mais de trezentas pessoas com sanfona quando via na trajetória talento". O áudio desta entrevista foi exibido pelo jornalista Ney Vital no Programa Forró do Povo, do hoje saudoso radialista Carlos Augusto.
Na oportunidade As Irmãs Nordestinas ficaram emocionadas e surpresas. "Emocionadas estamos pois isto mostra a riqueza e valor desta sanfona branca e da história da música e generosidade de um rei, cujo reinado é o baião", disse na época Lourdinha.
As Irmãs Nordestinas nasceram em São José do Egito, Pernambuco. Não foi por acaso que Luiz Gonzaga viu logo a agilidade e habilidade, talento e ousadia ao puxar a sanfona de 80 baixos, pois Lourdinha é filha do que era considerado o melhor sanfoneiro de São José de Egito, Pedro Bentinho, homenageado com Medalha de Honra ao Mério-Centenário de São José do Egito.
Com a morte das Irmãs Nordestinas, a sanfona branca foi doada ao Museu do Sertão de Petrolina. Encontra-se no Museu sem um registro da história que é valiosa e necessária para as futuras gerações.
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