Artigo – Aqui, temos o vírus... da corrupção!

09 de Feb / 2020 às 23h00 | Espaço do Leitor

Diante da nova calamidade que atinge o valoroso povo chinês – não é a primeira! -, é impossível não destacar a postura ímpar dessa gente, cuja atitude silenciosa não significa inércia ou acomodação no enfrentamento de problema de tamanha magnitude, mas um profundo envolvimento na busca da sua própria solução, sem choros ou lamentações! Impressiona que, com uma população de 1,3 bilhão de habitantes e com sérios riscos do coronavírus se alastrar de forma perigosa sobre milhões de pessoas, os chineses não pediram socorro ao mundo, mas buscaram enfrentar o inimigo de maneira humana e corajosa. 

Por ser um tema muito especial e técnico, hesitei em circular por esses meandros, até que tive a felicidade de conhecer alguns escritos da autoria do preparadíssimo aposentado NORTON SENG, colega de brilhante trajetória funcional quando na ativa no Banco do Brasil. Isso porque ele exerceu por quase 10 anos (1992-2002) o cargo de Chefe do Escritório de Representação do BB, em Beijing (China), com circulação constante no Japão, Hong Kong, Cingapura, Taiwan, Coréia do Sul, Indonésia, Tailândia, Macau e Austrália, entre outros, e assim, com o vasto conhecimento da região e sua cultura, ninguém melhor para emitir algum conceito sobre a gravidade do momento.

Com a mesma determinação como o fizeram durante a “síndrome respiratória, no final de 2002, divulgado no mundo como SARS - Severe Acute Respiratory Síndrome ou a Síndrome Respiratória Aguda Grave, nós estávamos, então, morando em Beijing. E naquele episódio, houve também confinamento. Ninguém viajava e as ruas, shoppings e restaurantes ficaram vazios. Só íamos aos supermercados para adquirir alimentos e todos usávamos máscaras. Diziam então que seria o fim da China e que haveria um colapso econômico com desdobramentos graves para o país e sua pujante economia, mas o surto foi, então, debelado com êxito...”

No íntimo, sinto uma certa inquietação frustrante ao ver que, na sua maioria, as demais Nações não exibiram gestos de apoio e solidariedade àquele povo, mas se preocuparam, tão somente, em fechar as suas fronteiras de forma radical, bem como apressar a retirada dos seus cidadãos que lá estavam. Até o Brasil, que hesitou, inicialmente, agora resolveu mandar dois aviões da nossa Força Aérea, devidamente equipados com todos os recursos, inclusive médicos, para buscar 34 pessoas, entre brasileiros e alguns familiares chineses, que estão lá no epicentro do vírus, a cidade de Wuhan, e que ficarão em quarentena em Anápolis-GO. Ainda bem que reverteu uma postura inicial de reprovável desprezo, quando o nosso Presidente, de maneira infeliz disse numa entrevista: “Não vou colocar em risco milhões de brasileiros, só por causa de uma família que está lá”!   

Afirma ainda o Norton Seng, com muita propriedade: “Enquanto o mundo pateticamente se perde em fofocas, fake news, alarmes e conjeturas estapafúrdias sobre o coronavírus, o Dragão Vermelho exibe o colosso, também de tecnologia avançada, que é o país. Com o seu inigualável exército de cientistas, engenheiros e técnicos - de ponta e de excelência - e com a participação, e complexa organização de 7.500 trabalhadores, conseguiu construir, em apenas 10 dias e 10 noites, a partir de 24.01.20, um hospital, com 1.000 leitos. [...] Constata-se, pelos fatos, que, enquanto o mundo engatinha e se perde em questiúnculas internas, o Império do Meio, continua, há 30 anos, crescendo de forma constante e com taxas admiráveis e elevadas”.

Felizmente, laboratórios da Austrália e EUA estão avançados nas pesquisas de uma vacina contra esse vírus, mas testes com humanos só tem previsão para junho próximo. Até lá, é preciso que se redobrem os cuidados higiênicos, principalmente em face do Carnaval que se aproxima, quando o grande congestionamento humano e o contato com milhares de turistas de várias partes do mundo, colocará em risco toda uma população, que já se ressente de grande fragilidade no sistema de saúde. 

Enquanto isso, aqui, no outro lado do mundo, por analogia, convivemos com o “Vírus da Corrupção”, que tomou conta desse nosso país já há alguns anos. Tristemente, até hoje, não fomos capazes de manter os infectados em QUARENTENA pelo tempo necessário, de preferência, alguns anos! Muitos foram liberados, mas deveriam, pelo menos, estar usando máscaras para evitar a propagação do vírus na sociedade! Assim sendo, só nos resta lembrar que o vírus da corrupção tem jeito, e o jeito é tomar a vacina da VERGONHA na cara!

Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público - Aposentado do BB - de Salvador-BA.

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