O Coletivo de Entidades Negras pediu proteção para a testemunha que flagrou e fez um vídeo do adolescente de 16 anos no momento que ele era agredido por um policial militar no subúrbio de Salvador.
De acordo com o coordenador do Coletivo de Entidades Negras, Yuri Silva, o coletivo recebeu com muita dor o caso da violência policial, sobretudo por ser um caso de racismo.
"Eu, enquanto conselheiro de Direitos Humanos do estado da Bahia, oficiei ao secretário de Justiça pedindo a inclusão do jovem que filmou a ação, que é um militante do Coletivo de Entidades Negras, no programa de proteção aos defensores de Direitos Humanos, e também que se avalie se o jovem agredido e a família dos dois devem também ser incluídas em programas semelhantes, para que sejam protegidos", disse.
Nas filmagens é possível ouvir o policial chamar o adolescente de "viado". Ele agride o adolescente com murros e chutes, e fez insultos racistas ao se referir ao cabelo dele. "Você para mim é ladrão, você é vagabundo. Olha essa desgraça desse cabelo aqui", disse o policial. Em entrevista ao G1, o adolescente disse que nunca tinha passado por situação semelhante e que gosta do cabelo dele.
Silva contou que o jovem que fez a filmagem da agressão foi ameaçado e não está mais na casa onde morava. De acordo com Silva, vizinhos do jovem disseram que era melhor ele não retornar para casa pois o lugar estava perigoso.
"O jovem está sendo ameaçado, tem viaturas cercando a casa dele. É uma ameaça real à vida das pessoas, aos Direitos Humanos. Os órgãos que a gente está acionando vão precisar tomar medidas céleres para que um caso mais grave não aconteça", alertou Yuri Silva.
O integrante do Coletivo disse que também está acionando as Comissões de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) e da Organização das Nações Unidas (ONU).
"Temos uma atuação com essas organizações do debate racial. Também fazendo a gestão, junto ao comandante geral da Polícia Militar, o coronel Anselmo Brandão, para que esse caso não passe impune", disse.
"A gente deslocou o jovem [testemunha] para outro local, para que ele ficasse protegido e estamos, hoje, fazendo reuniões, visitas, vamos nos reunir com a Defensoria Pública. Acredito nas instituições e acredito que a PM dará o encaminhamento correto nesse caso para que uma pequena parte da corporação não manche a corporação inteira", disse Yuri.
O soldado suspeito de agredir o adolescente, já prestou depoimento à Polícia Militar e disse que desconhece o fato.
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