ESPAÇO DO LEITOR: O POVO DE JUAZEIRO MERECE O GOVERNO QUE TEM, OU ESCOLHEU MAL E ESTÁ SENDO CASTIGADO POR ISSO?

27 de Jan / 2020 às 10h00 | Espaço do Leitor

O título deste texto é uma pergunta que não quer calar. Mas essa não é uma pergunta qualquer, surgida de teorias conspiratórias, como muitos rapidamente haverão de classificar, sem ao menos se dar ao trabalho de refletir, com isenção e sem paixão partidária.

A pergunta, na verdade, é provocativa, e tem origem na frase “Cada povo tem o governo que merece”, escrita em 1811, pelo filósofo francês Joseph Marie-Maistre, um ferrenho defensor da monarquia e crítico contumaz da Revolução Francesa.

Marie-Maistre era totalmente contrário a participação do povo nos processos políticos, por entender que a ignorância popular era responsável pela escolha dos maus políticos, e, justamente por isso, acreditava que a incompetência, a desonestidade ou desmandos de um governo, serviam como castigo àqueles que tinham direito ao voto, mas não sabiam usá-lo.

Passados precisamente 209 anos, a história nos mostra que Marie-Maistre estava coberto de razão, tantos são os políticos envolvidos em escândalos, processados, condenados, presos (embora logo soltos) ou, no mínimo, fazendo governos desastrosos, ineficientes, impondo sofrimento a população, e ainda assim são escolhidos pelo próprio provo, e vão se mantendo no poder por décadas, e quando estão  inelegíveis, indicam seus mais fiéis aliados, familiares ou parentes.

É importante destacar que quando nos referimos a “governo”, no caso municipal, inclua-se ai, além do prefeito, toda a sua equipe, e também os vereadores que lhe dão suporte para sua governabilidade.

Se formos analisar o caso específico de Juazeiro, vemos o governo do prefeito Paulo Bomfim entrando em sua reta final, definhando politica e administrativamente, com visíveis sinais de desaprovação, basta ver a grande repercussão de denúncias, reclamações e protestos à sua gestão, que eclodem a todo instante em todas as mídias, com destaque para as redes sociais.

Mesmo diante desse cenário crítico, o prefeito e sua equipe não dão sinais de estarem incomodados com isso, afinal, administram uma cidade onde o povo adota uma postura apática, que xinga e reclama pelos cantos, mas limita-se a fazer apenas protestos virtuais, a exemplo de grupos de whatsapp, dos quais o prefeito  e seu time não fazem parte, um povo que não se organiza, não se mobiliza, que não cobra representação dos vereadores, que desconhece ou ignora o controle social, ou seja, de um povo que veste, integralmente, a carapuça da ignorância popular descrita por Joseph Marie-Maistre,  e assim, acaba castigado pelos desmandos daqueles que escolheram.

A pergunta-título desse texto exige de cada eleitor uma reflexão, antes mesmo de uma resposta. Cada cidadão de Juazeiro ou de qualquer parte do País, deveria ter a consciência de que todo poder de uma nação, Estado ou Cidade emana do povo, que transfere esse poder a um representante que ele escolhe pelo voto, daí a sua co-responsabilidade pelos atos que estes venham a praticar.

Infelizmente, em pleno século XXI ainda se vota de forma irresponsável ou inconsequente. Vota-se porque o candidato fala bonito, porque tem a mesma crença, porque foi ou será beneficiado se o candidato for eleito, mas vota-se, principalmente, pelo assistencialismo, popularmente chamado de “uma ajuda”, que pode vir das mais variadas formas, inclusive com a “venda” do voto.

Finalizo esse texto perguntando aos leitores: O povo de Juazeiro merece o governo que tem, ou escolheu mal e está sendo castigado?

GABRIEL FERRAZ - Cidadão e eleitor.

PS: Texto enviado pelo leitor Flávio Luiz.

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