Com maior formação em 12 anos, Baque Opará faz cortejo sobre ancestralidade afroindígena no dia 15 de fevereiro

23 de Jan / 2020 às 12h00 | Variadas

A Prévia Carnavalesca de 2020 traz como temática "Nossa ancestralidade pulsa, produz alegria, resiste", e será levada, às ruas, pelo grupo percussivo de maracatu, no dia 15 de fevereiro, com 80 integrantes, figurino de estampa personalizada e trajeto que passará pela Petrolina Antiga.

Há 12 anos, nas ruas, avenidas e praças, as prévias carnavalescas do Baque Opará já podem ser consideradas uma tradição no calendário festivo da região do Médio Vale do São Francisco. Neste ano, o cortejo traz o baque-enredo: "Nossa ancestralidade pulsa, produz alegria, resiste", faz reverência, com respeito e humildade, aos povos originários do Brasil: os negros e índios que lutaram e lutam para dar sentido às suas vidas e territórios.

Para a seleção do tema, o coletivo passou por uma consulta com Elka Pankará, representante da tribo pernambucana dos Pankarás, para desenvolver um enredo que respeitasse os símbolos e tradições dos povos indígenas brasileiros. Além disso, houve um processo extensivo de diálogos com integrantes afro-brasileiros do grupo para também chegar a uma forma ideal de exaltar a cultura afro sem incorrer em qualquer descaracterização.

A intenção é que o coletivo passeie em cortejo pelas ruas do centro petrolinense, levando uma explosão de alegria arrebatadora e reconhecimento das raízes e demandas de um Brasil plural que resiste em sua diversidade, cultura e lutas centenárias!

Este ano, o grupo traz a sua maior formação desde que foi criado em 2008. Ao todo, serão 80 integrantes a se apresentarem nas ruas e avenidas: 29 alfaias (tambores), 22 agbês (cabaça com miçangas), 13 agogôs (sinos), 09 caixas, 04 timbales e 03 ganzás (chocalho cilíndrico de metal).

Esse número de integrantes se constituiu a partir de um trabalho diário, incansável e voluntário dos Grupos de Trabalho (GTs), que buscam formatos e ideias para trazer novos integrantes e depois facilitar o engajamento das pessoas na formação de um corpo vibrátil e coletivo, que se dedique aos ensaios durante todo o ano para, então, chegar na culminância das atividades do grupo, sendo a principal, a prévia carnavalesca.

A beleza e (a) respeito do figurino: Inspirados pela temática, os integrantes do Baque criaram uma estampa exclusiva para o traje deste ano. De acordo com o coletivo, "para a escolha do figurino do Carnaval Baqueano, de 2020, fomos tomados pelo desejo de homenagear nossos ancestrais negros e indígenas; nossas raízes e símbolos trazidos por eles, em suas lutas e festas centenárias, até a contemporaneidade", afirma.
 
Para desenvolver a estampa, os integrantes estudaram a história e os símbolos constitutivos dos povos originários. Também, foi realizado um pedido coletivo de agó (licença/permissão). Assim, o Baque Opará pretende reverenciar, em seu cortejo, tais elementos tradicionais, misturando as suas cores - o amarelo que reluz e o azul que afaga - em um manifesto de alegria, resistência e pulsão. As formas geométricas são comuns a ambas as culturas, africana e indígena, e a planta é a macambira: nativa, resistente, e facilmente encontrada na caatinga.

Trajeto memorável: Para este ano, o trajeto do cortejo foi ampliado e terá, à frente, o Balé Afro Orí Benní. O novo caminho foi pensado a partir de reflexões sobre a memória e história de Petrolina. O itinerário se estenderá por cerca de 1km, no qual o grupo tocará por algumas ruas e edificações que marcaram a fundação da cidade.
 
A concentração começará a partir das 15h30, em frente ao Café de Bule, na Rua Antônio Santana Filho, Centro, com participação da DJ Lizandra. Depois, o cortejo seguirá para a Av. Souza Filho, passará pela Petrolina Antiga, chegando à Praça da 21 de Setembro, onde a festa continua com a apresentação do Baque Opará Banda, DJ Sandrinha e outras atrações convidadas. A expectativa é a de que as festividades aconteçam até às duas horas da madrugada, do dia 16 de fevereiro.

Sobre o Baque Opará: Fundado em 2008, por Barbara Cabral e Luciana Florintino, o Baque Opará tem o compromisso de divulgar os ritmos populares de nossa cultura no sertão do Submédio São Francisco. O repertório do Baque tem fonte na matriz africana e influência brasileira, especialmente, nordestina. O grupo traz em suas apresentações o Maracatu, Afoxé, Samba, Coco, Ciranda, Samba-reggae e Funk.

O nome é uma homenagem ao Rio São Francisco: "Baque" vem de "batuque", enquanto "Opará" significa Rio-Mar, nome dado ao Velho Chico pelo povo indígena Truká. Assim, há 12 anos, o coletivo percorre as ruas da região ecoando seu grito de guerra "Opará: batuque do rio que é mar". Atualmente, o coletivo é composto, em sua maioria, por estudantes, professores, profissionais liberais, funcionários privados e servidores públicos.

Ascom

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