O efeito mais cruel de uma recessão econômica, como a que o Brasil enfrentou entre 2015 e 2016 e da qual luta para sair desde então, é o desemprego. Para driblar a falta de oportunidade no mercado de trabalho e enfrentar a crise de cabeça erguida, muitos brasileiros recorreram à informalidade.
Não à toa, o número de trabalhadores nessa condição bateu o recorde histórico de 38,8 milhões de pessoas no trimestre terminado em novembro de 2019, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Quase metade da população economicamente ativa se vira como pode, com muita criatividade, mas sem nenhuma relação empregatícia ou proteção social.
Ao andar nas ruas de Juazeiro e Petrolina é visível o crescimento de atividades como fazer bolos, doces, unhas ou costurar para fora para garantir renda e o sustento da família durante a turbulência econômica do país. Um dos comércios que mais aumentou visilvmente observado nas duas cidades é o número de barberias e comércio no ramos da gastronomia.
Em termos globais, a informalidade atinge 61% da força de trabalho, segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A maioria concentrada em países menos desenvolvidos.
A crise não poupou ninguém. Mesmo quem tinha grau escolar superior acabou migrando para a informalidade, devido à falta de oportunidades no mercado formal.
A desigualdade social é um dos principais indicadores para o aumento da informalidade. Cerca de 13,5 milhões de brasileiros vivem com menos de R$ 145 por mês. O número bateu o recorde histórico do levantamento Síntese de Indicadores Sociais (SIS), divulgado em novembro deste ano.
“A informalidade é uma maneira de subsistência que atinge, principalmente, a camada mais pobre da população. A chance para essas pessoas são poucas”, explica Janaína Duarte, professora do departamento de serviço social da Universidade de Brasília (UnB). São os trabalhadores que vendem balinhas nos ônibus e panos de chão nos semáforos, pessoas que utilizam, basicamente, o corpo para realizar as atividades. Se para de trabalhar, por alguma doença ou incapacidade, perde dinheiro.
“O trabalho informal é muito desprotegido, o que aumenta mais a vulnerabilidade das pessoas da base, pois elas não têm condições de competir com quem está no topo. O trabalhador é responsável por tudo, a compra de materiais, autofinanciamento, além da sua sobrevivência e da família”, aponta.
Em maio do ano passado a reportagem deste Blog GeraldoJosé mostou que para sobreviver a essa realidade virou um desafio, e para muitos, a saída tem sido a criatividade. A taxa de pessoas que decidiu trabalhar por conta própria este ano atingiu um dos maiores índice dos últimos quatro anos, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Desempregado desde 2015, o juazeiro Rubinho Santos é um desses brasileiros que acorda todo dia e usa a criatividade para ganhar o pão de cada dia. Comunicativo e com uma visão empreendedora, Rubinho, aceita pagamento com todos os cartões de crédito. "Só não aceito fiado", enfatiza. "Para vencer a crise agora sou vendedor de saladas de frutas ambulante, ando a cidade toda para sobreviver", conta Rubinho.
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