Aldy Carvalho, João Gomes de Sá e Regina Drozina reescrevem e recriam uma das mais icônicas cenas acerca da vida de Jesus. E fazem-no de maneira a recompor o seu sentido originário, traduzindo, na forma e no conteúdo, tanto a história da fé e da igreja, quanto o simbolismo mais profundo desse caminho, isto é, de que a verdadeira Via-Sacra ocorre no interior de cada um, na simplicidade dos gestos e das ações que nos tornam divinamente humanos.
O livro Via Sacra-O Caminho da Luz retoma uma longa tradição da tradução da mensagem contida nos Evangelhos, traduzidas agora para para a fixação na memória do povo, em imagens. É um trabalho em parceria. João Gomes nasceu em Agua Branca, Alagoas. Formado em Letras, professor aposentado, mora e trabalha em São Paulo, ministra oficinas e palestras e tem o dom de recontar lendas e causos. Regina Drozina é de Formosa D'Oeste, Paraná. Xilogravurista e também confecciona bonecos e esculturas em madeira.
O poeta e cantador pernambucano Aldy Carvalho é filho de Petrolina, costuma carregar na ponta da língua o bordão: “saí do sertão, mas o sertão não saiu de mim’’. Desde que rumou para São Paulo, no final nos anos 80, fez um pacto para melhorar de vida e realizar seus sonhos através da arte, sem perder as raízes com o universo sertanejo e com as águas do rio São Francisco, onde pescou e se banhou bastante na infância. Quando debandou com a família, sabia que teria uma rotina bem diferente da tranquilidade que vivia. Passados mais de 20 anos, o artista mantém sua agenda de show lá e cá, deixando sempre forte o elo com a terra natal.
O retrato dessa paixão pelas coisas sertanejas está em todas as canções e letras que traduz um diálogo versátil sobre coisas e causos do Nordeste. “Em São Paulo, muitos falam que o sertão não saiu de você, mas é de forma pejorativa. Já eu digo isso de maneira poética e romântica. Quando você se ausenta da sua aldeia é que enxerga melhor seu território”, defende o poeta que entrou para o mundo da arte com apoio do pai (já falecido) que lhe mostrou o horizonte das cantorias e da literatura nordestina. Na capital paulista, onde mora e trabalha, Aldy sempre fincou pernambucana.
“Meu ofício é elevar a arte e aproveito pra mostrar que Pernambuco é um dos estados mais ricos do país no campo da música e poesia popular. Aos poucos vou expondo as diversas linguagens de nossos estados vizinhos”, diz ele, que se inspirou em artistas como Luiz Gonzaga, Alceu Valença, Geraldo Azevedo, Elomar e outros compositores. Ainda na infância, durante as festas religiosas e nas feiras livres, Aldy começou perceber a beleza dos versos nas canções de Gonzagão e nos repentes dos cantadores de viola. O tinha o costume de convidar artistas para tomar café e cantar em sua casa. Depois vieram os festivais de música e lá á estava ele, mostrando suas primeiras criações.
Quando está em São Paulo, onde passa a maior parte do ano, o compositor sabe bem dosar a trilha sonora. “Comecei essa carreira com o intuito de ser um cantador e o meu estilo sou eu que traço. É predominantemente de raiz nordestina porque carrego na bagagem cantorias, emboladas, cocos, martelos, toadas, baiões e xotes tendo como pano de fundo o panorama da caatinga, com ou sem chuva. Os paulistas e paulistanos respeitam e aprendem com as histórias da minha vida”, observa.
Na maior cidade do país, que ele habitou-se a chamar de Selva de Pedra, está sempre buscando editais voltados paras projetos em universidades e espaços culturais. Há cinco anos faz parte de um grupo que movimenta a Caravana do Cordel, envolvendo diversas vertentes da música e literatura. Falando em cordel, o pernambucano lançou dois: A ganância dos preguiçosos e No reino dos imbuzeiros. Este último foi premiado pelo Ministério da Cultura.
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