Após ser ouvido em audiência de custódia no final da manhã desta quarta-feira (18), Clebel Cordeiro (MDB), prefeito de Salgueiro, no Sertão de Pernambuco, teve a liberdade provisória concedida pela juíza federal substituta da 27ª Vara Federal, Aline Soares Lucena Carnaúba. A magistrada fixou o pagamento de fiança no valor de 100 salários mínimos, o equivalente a quase R$ 100 mil.
Na terça-feira (17), Clebel, que está em seu terceiro mandato, havia sido preso em flagrante pela Polícia Federal por desvio de água e invasão de terras da União. A prisão tinha sido expedida pelo juízo da 20ª Vara Federal de Salgueiro, na propriedade conhecida como Sítio Mulungu, de propriedade do político.
"Constatamos irregularidades que estavam acontecendo nas terras que esse político é proprietário", afirmou o assessor de Comunicação da Polícia Federal em Pernambuco (PF/PF), Giovanni Santoro, em coletiva realizada pela PF no Recife, na manhã desta quarta. Preso em flagrante no sítio, Clebel foi encaminhado à Delegacia da PF em Salgueiro. Segundo a PF, as penas podem ultrapassar quatro anos de reclusão e que só caberia fiança na Justiça Federal, não na delegacia.
Na audiência de custódia, além dos cem salários mínimos, a decisão inclui a imposição de medidas cautelares a Clebel, como o compromisso de comparecer pessoalmente a todos os atos do processo; proibição de frequentar a gleba (propriedade) da União; e não proceder à mudança de endereço sem prévia comunicação à autoridade judiciária. Ele também precisará comparecer pessoal, e a princípio, mensalmente, à sede da 20ª Vara Federal de Pernambuco. Segundo a juíza, as informações preliminares dão conta que Clebel não possui antecedentes criminais e a prisão não seria necessária para garantir a ordem pública.
Em nota, a Prefeitura Municipal de Salgueiro informou que o caso envolvendo Clebel Cordeiro, que já foi presidente do Salgueiro Atlético Clube, não tem ligação com o cargo de prefeito. A comunicação da PF salientou que o que está sendo investigado são as irregularidades. "Com relação à política dentro da Prefeitura de Salgueiro, não existe investigação nesse processo que tenha sido constatada", afirmou a comunicação da PF.
Em defesa, o prefeito afirmou, em nota, que a transposição invadiu a propriedade dele. "Essa área não foi devidamente indenizada durante a desapropriação. A irrigação ficava dentro da cerca que limita as terras. Inclusive, abastecendo, de forma natural, as barragens que lá existem. Não houve absolutamente nenhum deslocamento da irrigação a áreas externas a sua propriedade". A nota também diz que foi feito um levantamento topográfico e documentos escriturários necessários para comprovar a realidade dos fatos.
Já a Polícia Federal ressaltou que "as irregularidades foram constatadas" e explicou o crime: "Existia a bomba elétrica que estava furtando água da transposição do São Francisco e irrigando algumas de suas plantações de manga, maracujá e limão. E o terreno também estava irregular porque não era dele e já tinha sido desapropriado pela União, para fazer, exatamente, essa transposição do rio. No interrogatório, ele falou que não tinha conhecimento de que era proibido e que não tinha conhecimento da invasão. Sabemos que isso é uma alegação que não condiz porque essa terra já havia sido desapropriada".
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