A reunião médico-científica de dezembro do Hospital Dom Malan com a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e mais 12 centros de assistência, ensino e pesquisa do país discutiu a Síndrome de Transfusão Feto-Fetal (STFF), que é uma complicação que pode ocorrer nas gestações de gêmeos ou trigêmeos, quando dois ou mais bebês estão dividindo a mesma placenta.
A Síndrome é resultado do desequilíbrio no fluxo de sangue e nutrientes entre os dois bebês, onde geralmente um é o doador e o outro receptor. A melhor forma de tratamento é a terapia intrauterina com laser ou a amniodrenagem (que é feita no HDM), quando identificada a tempo, ainda no pré-natal.
O nome do procedimento inicial (de escolha) é Ablação de Anastomoses Placentárias – realizado em ambiente hospitalar, sob anestesia local (ou peridural) e sedação na gestante. A cirurgia de tratamento da STFF com laser dispensa incisões e o trauma cirúrgico é bem pequeno, sendo classificada como minimamente invasiva. A mãe geralmente recebe alta no mesmo dia, ou no dia seguinte.
Em geral só pode ser realizada até o sexto mês de gestação e feita com equipamento especial. “Essa é a primeira opção para transfusão feto-fetal, desde que descoberta a condição a tempo. Após esse período, o mais seguro é a amniodrenagem. Em geral, quando a paciente é acompanhada pelo pré-natal de alto risco do hospital nós regulamos para Recife para realizar o procedimento. Mas, como na maioria das vezes essa gestante só acaba chegando para nós de maneira tardia, a amniodrenagem entra como melhor opção”, garante o especialista em medicina fetal do HDM, Marcelo Marques.
“Com a amniodrenagem nós conseguimos drenar o excesso de líquido amniótico dando condições à mãe de prosseguir com a gestação até um período mais seguro para os bebês e aos bebês um melhor equilíbrio na passagem de sangue e nutrientes. Dessa forma eles ganham peso e nós melhoramos a condição de nascimento, diminuindo assim as chances de sequelas e aumentando a perspectiva de sobrevida”, esclarece o médico.
Com as medidas corretas, a chance de sobrevida dos bebês gemelares que têm uma única placenta para nutrir dois fetos em bolsas amnióticas distintas, pode chegar a 65% se o diagnóstico for precoce e o tratamento realizado no início da doença.
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