Um grupo de 25 piscicultores e pescadores artesanais de Sobradinho, no Norte da Bahia, foi capacitado pela Companhia de Desenvolvimento dos vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) com o curso de aproveitamento dos resíduos do pescado. A capacitação foi promovida pela 6ª Superintendência Regional da Companhia, localizada em Juazeiro, na região Norte da Bahia. O curso foi ministrado no terminal pesqueiro da Cooperativa de Produção e Comercialização dos Derivados de Peixes de Sobradinho, mantido pela estatal Bahia Pesca.
"Essa oportunidade que está sendo oferecida aos pescadores artesanais e piscicultores de Sobradinho não só cria novas oportunidades de emprego e renda, mas também incentiva a preservação do meio ambiente, o que é muito positivo para todos nós", explica o superintendente regional da Codevasf em Juazeiro, Elmo Nascimento. Ele ressalta que "a Companhia tem acompanhado e incentivado o desenvolvimento da cadeia produtiva da piscicultura na região, seja através da doação de ração, utilizando recursos do Orçamento Geral da União, e também de investimentos próprios, como é o caso desta capacitação".
Com as informações repassadas no curso, os participantes aprenderam a aproveitar o que antes era descartado após o tratamento e a filetagem de peixes, transformando o material em ração para animais, óleo e até peças artesanais. "A capacitação começa com uma parte teórica, onde expomos todas as exigências necessárias para o manuseio com os peixes, como uso de equipamento de proteção sanitária, os aparelhos que serão usados e os cuidados com a higiene antes, durante e depois dos trabalhos", explica Maria Aparecida Mendes, conhecida na região como Cida Pescadora, que ministra o treinamento.
Com mais de 20 anos trabalhando com piscicultura familiar, Cida Pescadora não ensina somente o reaproveitamento de vísceras, mas também repassa conhecimentos que podem agregar valor aos produtos principais a serem comercializados, além de noções sobre regulamentação, embalagem e tendências de comercialização de produtos. Na parte prática, ela ensina sobre tratamento do pescado, formas de filetagem, separação e armazenamento das vísceras para posterior processamento e os cortes mais adequados para o aproveitamento do filé e cortes secundários.
Segundo Cida Pescadora, ela criou mais de cem pratos a base de peixe, registrados e a maioria já certificada, como linguiça, buchada, almôndega, pizza e hambúrguer de peixe (fishburguer), além do caldo de cabeça de peixe, kafta, entre outras iguarias do cardápio regional. O defumado e a farinha, feitos com a espinha do peixe, são outros produtos que Cida desenvolveu e também já possuem certificação sanitária.
A fabricação dos produtos de primeira linha seguem normas sanitárias que capacitam a sua utilização no cardápio da merenda escolar em algumas escolas públicas dos municípios sertanejos. A iguaria mais conhecida é o biscoito de tilápia, em forma de peixe, que chama a atenção das crianças e incentiva o consumo. O produto é rico em cálcio, fósforo, ferro, proteínas e ômega 3.
Todo o conhecimento repassado durante o curso incentiva os participantes quanto ao aproveitamento do pescado. Para a ex-pescadora e dona de casa Rosália Vieira de Araújo, uma das alunas, "essas aulas vão me ajudar a trabalhar melhor, me aperfeiçoar para o trabalho que a gente vai fazer futuramente. Isso é uma coisa de grande valor para nós que precisamos estar sempre melhorando", explica a participante, que tem uma outra ocupação e complementa sua renda familiar com o trabalho de evisceração na cooperativa, como fazem outros grupos de mulheres. Com a capacitação ela pretende mudar da atividade de evisceração dos peixes para a produção da culinária artesanal.
No encerramento da capacitação, realizada na última sexta-feira (01), foram entregues os certificados para os participantes. O curso foi promovido de 28/10 a 01/11, com carga-horária de 40h.
A coordenação das capacitação é da Gerência Regional de Revitalização, por meio da Unidade de Desenvolvimento Territorial, que já realizou com muito sucesso o primeiro encontro na cidade de Casa Nova, reunindo mais de 20 pessoas integrantes de famílias que sobrevivem da pesca artesanal ou piscicultura.
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