A 4ª Bienal Internacional do Livro do Município de Garanhuns homenageia dois nomes de destaque na literatura, história e política da cidade. O professor José Cláudio Gonçalves de Lima estuda e resgata, há décadas, as origens e transformações pelas quais a cidade e a região passaram ao longo do tempo. Já Humberto Alves de Moraes (in memoriam) participou ativamente da construção da identidade social do mesmo ambiente. Em comum, os dois homenageados possuem as origens no Agreste Meridional e o amor pela busca ao conhecimento.
A secretária de Educação, Eliane Vilar, classifica o momento como "ímpar" pelo impacto que a realização da Bienal tem no município de Garanhuns. "Vivemos em uma cidade notadamente intelectualizada, com uma gama de escritores que honram muito a nossa terra. Temos a grata satisfação de homenagear duas pessoas muito importantes para Garanhuns. O professor Cláudio, que é da nossa rede municipal, autor de vários livros, entre eles "A Hecatombe", um marco histórico local, e Humberto Alves de Moraes, expoente de Letras na nossa cidade", declara.
O jornalista Humberto Alves de Moraes foi um empreendedor literário e político, que nasceu em 1º de abril de 1926, em Calçado, quando o local ainda era distrito de Canhotinho, próximo a Garanhuns. Betinho, como também era conhecido, sempre foi um apaixonado pelas palavras e concluiu a graduação em Letras em 1968, na Faculdade de Professores de Garanhuns.
Já nos primeiros anos de estudo, demonstrava seu espírito empreendedor e seu talento para o jornalismo. Com o incentivo do diretor do Diocesano, o monsenhor Adelmar da Mota Valença, re-editou o jornal 'O Ginásio', que tinha sido fundado por Luiz Souto Dourado.
Durante a sua vida acadêmica, Humberto atuava na imprensa, tendo começado na Rádio Difusora de Garanhuns, em 1952, onde criou o noticiário 'Cidade em Foco', programa jornalístico de grande credibilidade. Na sua longa carreira, escreveu também para os jornais 'O Menor', 'Jornal de Garanhuns' e 'O Monitor', para o qual criou a coluna política 'Calçando 40'.
Além da vida profissional como jornalista, se destacou através das letras e da política. Fundou a Associação Garanhuense de Imprensa, com o irmão Cláudio Moraes; a Academia de Estudos Saber e a Academia de Letras de Garanhuns, ocupando a cadeira número 1, do patrono Alfredo Correia da Rocha. Também foi presidente do Grêmio Cultural Ruber Van der Linden por várias vezes, onde fundou o programa radiofônico 'Garanhuns Literária'.
Ultrapassando as fronteiras das redações e honrando a herança de seu pai, Raimundo Atanásio de Morais, político expoente, o jornalista enveredou pela política. Foi vice-prefeito de Demócrito de Souza Dourado e vereador por dois mandatos. Ainda foi secretário do Consórcio Público para o Desenvolvimento da Região Agreste Meridional de Pernambuco (Codeam) e grande colaborador do Serviço Social do Comércio. Faleceu em 3 de julho de 2007.
O viés político também faz parte da vida de José Cláudio Gonçalves de Lima. É ele o responsável por resgatar e registrar a história de Garanhuns. Cláudio nasceu na cidade em 6 de agosto de 1971, e é professor de História e escritor. Durante os estudos, passou por várias escolas do município, a exemplo do Colégio Diocesano, onde chegou através do incentivo do Padre Ivo, que já notava alguns diferenciais em José Cláudio ainda em 1988. Adorava a leitura de livros infantis e esse gosto pelos livros despertou o dom literário fazendo com que começasse a escrever ainda na adolescência.
A caminhada pela Educação continuou em paralelo com a Literatura e as pesquisas. É formado em História pela Universidade de Pernambuco e lecionou em várias instituições de Garanhuns e das cidades circunvizinhas. Em 1995, conseguiu o primeiro emprego fixo através da irmã Ana Lúcia, diretora do Colégio Santa Sofia, lecionou a disciplina de História no Ensino Fundamental até 2001. Durante esse período, foi aprovado no concurso para professores do Governo do Estado, assumindo suas funções na Escola Virgem do Socorro, no bairro da Cohab 1.
O envolvimento com assuntos que tratavam da coletividade foi se tornando ainda mais latente e, em 2005, foi eleito coordenador do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (Sintepe). José Cláudio é coordenador do Arquivo Público Municipal. Em 2012, com um grupo de amigos, fundou o Instituto Histórico Geográfico e Cultural de Garanhuns e foi eleito o primeiro presidente, permanecendo no cargo até 2016. O escritor ocupa ainda a cadeira nº 36 da Academia de Letras de Garanhuns desde 2014.
A carreira literária só foi oficializada em 2009 com a publicação do primeiro livro, o romance histórico intitulado 'Os sitiados - a Hecatombe de Garanhuns', uma das maiores tragédias políticas do interior de Pernambuco, ocorrida em 15 de janeiro de 1917. Em 2012, Cláudio Gonçalves publicou o livro 'República', uma ficção que narra de forma hilariante a vida na cidade interiorana homônima dominada pelo coronel Antônio Brandão. Em 2017, em virtude do centenário da Hecatombe de Garanhuns, lançou seu terceiro livro 'A cobertura jornalística da Hecatombe de Garanhuns', resultado de 20 anos de exaustivas pesquisas.
Em reconhecimento aos relevantes serviços prestados à história e à cultura de Garanhuns, Cláudio Gonçalves já recebeu o certificado de Amigo do Batalhão, oferecido pela Polícia Militar de Pernambuco e, em março de 2019, foi agraciado com diploma e medalha do Mérito Cultural Padre Adelmar da Mota Valença pela Câmara de Vereadores de Garanhuns. O professor esteve na programação da Bienal ao lado do professor Carlos Guedes em uma mesa-redonda, realizada no Teatro Luiz Souto Dourado.
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