USINA NUCLEAR: "O BRASIL NÃO ESTÁ SENDO CAPAZ DE LIDAR COM O DESASTRE DO ÓLEO, QUE É CONCRETO, QUANTO MAIS COM UM PERIGO QUE NÃO É VISÍVEL", DIZ PROFESSORA VÂNIA FIALHO

23 de Oct / 2019 às 12h36 | Variadas

"O Brasil não está sendo capaz de lidar com o desastre do óleo, que é concreto, quanto mais com um perigo que não é visivel", assim definiu a professora Vania Fialho, da Universidade Federal de Pernambuco diante da possibilidade da instalação de uma usina nuclear às margens do Rio São Francisco, no município de Itacuruba, no Sertão pernambucano.

A Comissão de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Assembleia Legislativa de Pernambuco promoveu, na última segunda 21, uma audiência pública a fim de expor os pontos negativos que envolvem a instalação de uma Usina Nuclear em Itacuruba, no Sertão pernambucano. A reunião, presidida pelo deputado Wanderson Florêncio (PSC), trouxe especialistas, professores da UFPE e UPE, representantes do Ministério Público, da OAB e da Prefeitura de Itacuruba.

Na última semana, uma comitiva de deputados pernambucanos esteve em Angra dos Reis, conhecendo detalhes das usinas de Angra 1 e 2, e as obras da Angra 3. O Brasil gasta por ano R$ 30 milhões em manutenção para conservar a estrutura existente da inacabada Angra 3 e estima-se que seriam necessários mais 15 bilhões de dólares para terminar o equipamento.

A professora de Antropologia da Universidade de Pernambuco, Vânia Fialho, destacou as marcas do passado e mostrou que não existe uma área vazia demograficamente no sertão de Itaparica. 

"A Eletrobrás tenta colocar como um vazio, mas, na região de Itacuruba, existe a presença indígena, populações quilombolas e outros que dependem do Rio São Francisco. Os impactos da usina se dariam de formas diferentes na população, porque, quando falamos de energia nuclear, estamos falando de uma cadeia", afirmou.

Na ocasião, o professor e físico Heitor Scalabrini reforçou as possibilidades que envolvem a exposição a alta radiação. "Seria construído um complexo nuclear com seis usinas na beira do Rio São Francisco e sabemos da importância dele para todo o Nordeste. Um acidente afetaria a água, a terra e o ar, só traria malefícios", afirmou.

Durante a reunião, Juninho Cantarelli, vice-prefeito de Itacuruba, afirmou desconhecer o tema e, por isso, é contra a instalação, mas está aberto a esclarecimentos, tanto quanto a população local. 

“Nós não somos a favor desta instalação porque falta informação. Peço que seja feita uma audiência pública sobre o tema lá em Itacuruba, para que a população local seja esclarecida sobre os pontos positivos e os negativos, tirem as dúvidas e tomem uma posição”, afirmou.

Redação Blog

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