Em sua chegada ao Japão, em viagem de mais de dez dias que fará pelo continente asiático, o presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira (21) que tem havido um "bate-boca exacerbado" no PSL e que o "bem vencerá o mal" na crise interna de seu partido.
Em uma caminhada pela região central de Tóquio, o presidente avaliou que a maioria dos integrantes da legenda é "novo na política" e que nunca viu em "lugar nenhum do mundo" um linguajar como o usado nas troca de ataques entre integrantes da sigla nas últimas semanas.
"A maioria no PSL é novo na política. É muito isso que está acontecendo no PSL. Novato chega e acha que sabe de tudo. Eu passei 28 anos ali [na Câmara dos Deputados] sem um cargo [no Poder Executivo]. Problemas eu tive lá dentro, mas sem chegar ao nível que um parlamentar chegou agora, com linguajar que nunca vi em lugar nenhum do mundo", disse.
Na semana passada, o líder do PSL na Câmara dos Deputados, Delegado Waldir (GO), ameaçou implodir o governo de Bolsonaro e o chamou de "vagabundo" após o presidente ter atuado pessoalmente para retirá-lo da função.
Em outro bate-boca, a deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP) se referiu ao filho do presidente, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), como um "menino" que "nem com a ajuda do pai" conseguiu assumir a liderança da sigla. Ela foi retirada por Bolsonaro do posto de líder do governo no Congresso.
"A política, como dizia Ulysses Guimarães, é uma nuvem. A resposta é essa", afirmou o presidente. "Lógico que eu trabalho também, converso com o pessoal e as providenciais serão tomadas com o passar do tempo. O bem vencerá o mal", acrescentou.
Perguntado, Bolsonaro afirmou que ainda não definiu se sairá do PSL. Segundo ele, "tem de ver com o tempo". Ele negou que os embates com integrantes da legenda o tenham deixado magoado e comparou o episódio com uma ferida.
"As coisas acontecem. É igual uma ferida, cicatriza naturalmente", disse. "Entre mortos e feridos, todo mundo vivo", acrescentou.
Para o presidente, o episódio não deve atrapalhar a tramitação de pautas do governo. Ele negou que o embate interno tenha criado uma crise política que possa afetar a tramitação da reforma previdenciária no Senado.
"Que crise política? Inventaram a crise política. Não ha crise nenhuma. Zero", disse. "Eu estou tranquilo e o Parlamento está tranquilo também. A responsabilidade é de todos nós", afirmou.
Mais cedo, ao chegar no hotel que está hospedado na capital japonesa, Bolsonaro não quis dizer se desistiu da indicação de seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), para o posto de embaixador do Brasil nos Estados Unidos. O próprio parlamentar disse que o tema tinha ficado para segundo plano.
Ao todo, o presidente ficará três dias na capital japonesa. Além da cerimônia de ascensão do imperador Naruhito, na terça-feira (22), ele terá reuniões bilaterais com o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, e com o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, e encontros com empresários brasileiros e japoneses.
"É uma honra ser convidado para participar deste evento, representando o Brasil. Nós teremos algumas reuniões bilaterais. O mundo inteiro está interessado na gente e estamos reconquistando a confiança do mundo", disse.
Ele disse que, no encontro com o primeiro-ministro japonês, pretende tratar da exploração sustentável da floresta Amazônica e avançar na tentativa de um acordo comercial entre o Mercosul e o Japão.
"O Brasil é um país que tem grande potencial. Temos a nossa Amazônia, que tem de ser explorada de forma racional", afirmou. "É lógico que estou interessado [acordo com o Mercosul]. A Coreia do Sul também. Até os Estados Unidos. O Brasil está indo bem", afirmou.
Além do Japão, o presidente visitar a China, a Arábia Saudita, os Emirados Árabes e o Catar. Nos demais países, o foco será melhorar a relação comercial com as nações asiáticas e aumentar o comércio de de proteína animal.
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